sábado, 27 de novembro de 2010

Sem título para isto


Todo mundo conhece aquela famosa frase, cheia de interpretações, de Sérgio Buarque de Hollanda: o brasileiro é um povo cordial.

Ele se arrependeu da dita frase que levantou tanta celeuma. Passou o resto da vida tentando explicar que o que ele quis dizer foi no sentido etimológico do termo que significa "relativo ao coração", e foi neste contexto que ele escreveu  que somos um povo movido mais a paixão, ao laços e vínculos do coração do que pelo racional.

O nosso povo é cordial ou ingênuo? E olha que pra mim, ingenuidade beira a cômoda alienação ...


A nossa cordialidade é que nos leva a crer que Deus é brasileiro e se Deus quiser tudo se resolve no final, mas o lance é cair no samba, com uma loira gelada na mão, porque a gente dá um jeito, jeitinho malandro é claro. Porque no final galera o lance é levar vantagem, né?   Não! Não é! É desse forma deturpada que enxergamos um país rico, cheio de potencial, mas doente em vários sentidos. Bichado.

Prova disto é esta situação no RJ.

Não estou aqui desmerecendo nenhuma ação dos envolvidos, aplausos para quem realmente leva a sério o seu papel de justiça e defesa para com o nosso país. Estes são os nossos heróis de carne e osso, filhos e pais de família, que estão lá  agora jogando com suas vidas nesta roleta russa de proteção.
Nós assistimos sob outras lentes distanciadas e que torna fácil julgar e dar pitacos. Sob outras perpectivas não somos tão neutros como pensamos, por que toda esta violência está na nossa porta todos os santos dias das nossas vidas que sobrevivemos sem um arranhão de agressão. Quando não vivenciamos certas violências já estamos no lucro. Olha o absurdo da frase, mas é o que muitos pensam ao finalizar mais um dia. Somos reféns e vítimas de várias situações.

 Esta guerra civil não é de hoje! E sim é uma guerra civil com outras roupagens. Não se iludam,deixem de ser os tais "cordiais" que não são levados a sério em outras partes do mundo.

Foi preciso demorar tantos anos, tanta escravidão, medo e terror, morte e violência para que as autoridades resolvessem agir? Sei de outras ações que já aconteceram, mas igual a esta, tão efetiva não.  Ou achavam que bastava ser um povo alegre, cordial e simpático para que as "coisas" se resolvessem sozinhas?

sábado, 13 de novembro de 2010

A vida parecida de todos

do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain


Tem um tempo na vida que você acha que somente a sua família é bizarra beirando a esquisitices a La família Adams. E o seu olhar é de mero espectador, olhando reuniões de família como algo distante, como se estivesse olhando uma vitrine muito decorada. Então guarda esta estranheza para si, até porque ainda não consegue contextualizar as fantásticas interpretações sobre seus parentes. Como o seu mundo ainda é particular e limitado fica com a sensação de que é tudo estranho somente contigo.

Tem uma época na vida que você embala em caixas, coisas somente tuas, e acha que  está a margem (ou a deriva?) do mundo. E entre laços e fitas encaixota os segredos e os mistérios que te compõe. Segue o silêncio dos teus segredos íntimos num mundo mais aberto, não tão particular.

Tem uma hora que você se abre para o mundo e todas as estranhezas deixam de ser estranhas, passam a ser peculiaridades de cada um, marcas registradas de cada pessoa adicionadas as suas histórias de percurso. O outro já não é somente o outro, é alguém que escreveu histórias semelhantes com matizes de cores diferentes.

E é nesse momento que você percebe que o teu mundinho não se limita ao seu jardim, bem ali do lado o vizinho tem inquietações, sensações, questionamentos e vidas similares.

Ainda se surpreende quando pensa que houve um tempo que achava que a tua história de vida era única.

E assim percebe que o teu mundo é o mundo inteiro.

domingo, 7 de novembro de 2010

Tem um beatle na minha cidade!

Domingo. Sol e calor. Dia lindo.
Acordei cedinho e quando estendi os braços para abrir os vidros da sacada da minha sala, um pensamento me assaltou:  tem um beatle dormindo bem pertinho da minha casa!
Paul está algumas quadras do meu apê, bem ali no Sheraton.
Porto Alegre está orbitando neste dia. E os beatlemaníacos e simpatizantes estão vivendo este momento.
Então tá é hoje a noite o show.