terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Avant


Avant em delante. Ahead. No balé clássico usamos este termo indicando  que a etapa deve ser levada adiante.

Quando levantei da cadeira e fui em direção a saída, os meus pés bailavam como se me preparasse para um grand jeté (um tipo de salto no balé clássico) tal a leveza do meu corpo com o meu coração, na boca um sorriso e por dentro uma harmonia e paz de finalização de dança.
Terminava ali um ato de dança solo. Foi suado, foi sofrido, fiquei calejada no corpo e na alma. Mas posso dizer com a maior das certezas que fui (e sou!) imensamente feliz, que é a minha maior obra prima.
Não haverá 2º ato nesta apresentação.
Baixada as cortinas não ouvi aplausos, nem bis, mas dentro de mim encontrava-se a certeza de que, até então, não houve partner (parceiro), não houve um pas de deux ( uma dança para duas pessoas), mas tinha sido espetacular.
E agora a dança da vida continuaria com seus mistérios e belezas. A dois, a três ...
Passei o dia com a certeza de que fiz o melhor até então.
E persistiu em mim uma sensação plena de serenidade.
Espetáculo encerrado.
Que venha novas coreografias neste show somente nosso!

Grand Jeté

sábado, 25 de dezembro de 2010

Lembrar, verbo no passado.

Vanitease

Natal é família
É tecido com retalhos de momentos entre a nossa gente,
 o nosso sangue,os mais queridos eleitos pelo laços familiares.
Lembranças, sentimentos, cheiros.
Cheiro de peru, de docinhos, de champagne e suas bolinhas explodindo na boca, cheiro de gente cheirosa. Cheiro de confraternização.
Eu adoro cheiros, eles me transportam para lugares, evocam lembranças e sensações. Aproxima de mim pessoas por vezes tão distantes.
Nos natais da minha infância sempre tinha o saco do perfume secreto. Todos os anos o Tio Rui, depois de abertos os presentes, trazia para sala um saco cheio de perfumes para que cada mulher da família enfiasse a mão e tirasse uma surpresa. E as meninas também tinham direito de ter a sua surpresa. Eu aguardava ansiosa a minha vez para curtir em doses mínimas, no decorrer dos doze meses, aquele líquido mágico.
Acredito que vem daí o meu fascínio até hoje por perfumes.
Esta uma das muitas lembranças doces dos meus natais infantis.
Qual é a sua lembrança preferida?


foto de Lisa Edsalv


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ela, a partida e ele

Eles passaram a noite entre carícias, sussurros, risadas e amor, às vezes urgente e noutras selvagem, com ânsia e fome. Estavam famintos deles. Dormir era desnecessário, congelar o tempo era essencial. Não combinaram isto, mas havia um acordo tácito de prorrogar o tempo juntos.

Finalmente o tal dia chegou e por mais que imaginassem não estavam preparados para a emoção das últimas horas juntos. O assalto da dor, aquela fisgada de agonia pairando entre eles. O desejo, a fome, tudo misturado ao mesmo tempo agora.

Quando o dia começou a despontar ele, que nos últimos instantes estava encaixado no corpo dela, fez ela se virar e olhando nos seus olhos, na urgência da sua fome a estreitou nos braços e lentamente amou o seu corpo, a sua alma. Tocaram-se delicadamente em todas as partes, na intimidade dos locais que cada um sabia dar mais prazer ao outro. Amaram-se cansados e amarrados naquele gostar. Faziam isto sem coreografia ensaiada, focados em memorizar cada detalhe daquilo que seria somente lembranças nos próximos seis meses. A textura da pele, o cheiro, a voz aos sussurros e os gemidos. Sem a urgência do toque, na calma das sensações.

No caminho para o aeroporto o silêncio tinha vozes e para quebrá-lo, às vezes, ensaiavam um assunto ameno que se perdia depois de uma tentativa de diálogo. A tensão reinava por ali.

A ânsia de perder a imagem, os seus traços e seus trejeitos tão peculiares fazia com que se devorassem em olhares, olhares carregados de necessidades que sabiam que surgiria na ausência um do outro.

No balcão da companhia aérea ela observou o seu rosto mais uma vez e percebeu a tensão da sua boca, aquela boca que há poucas horas vagava pelo seu corpo lhe dando prazer, agora uma linha fina, reta e imóvel em sintonia com a mandíbula dura. Sabia que ali, morava um firme propósito, o de não chorar. Conhecia ele do inverso e do avesso e entendia que ele era o lado forte do time, que se ele desmoronasse ( e ela sabia que por dentro era o que acontecia) ela cairia e tudo se tornaria um caos. Num pêndulo, um dos lados tem que aparentar mais força. Este, naquela situação, era o papel que cabia a ele.

Eles odiavam despedidas então o combinado é que não haveria grandes cenas. Seria uma cena carinhosa, mas nada a la Casablanca. O abraço foi forte, aquela morena pequena e aquele loiro alto de olhos de uma imensidão azul. Ela se agarrou naqueles ombros largos e mais uma vez pensou como seus corpos se encaixavam de forma perfeita. Ele se perdeu naqueles cachos castanhos e desejou levar pra sempre aquele cheiro tão dela quando encostou e cheirou o seu pescoço, pela milésima vez. Em seguida lembrou que, às escondidas, colocou o perfume dela na mala para eternizar a sua memória olfativa nos momentos de saudade apertada.

A voz trancou para os dois, tamanha era a emoção, então se viraram para lados opostos.

Ela deu dois passos e não resistindo olhou por cima do ombro. Sentiu o cheiro dele bem perto, se virou. Ele colocou uma mão no seu pescoço enquanto que a outra mão puxava a cintura dela, pressionando para perto dos seus quadris. Ela riu, um risinho nervoso e se perdeu naqueles olhos. Beijaram-se com voracidade, esquecendo todos que estavam por perto. O tempo congelou e ele, com voz embargada, disse que seria difícil, mas o amor deles o alimentaria. Ela assentiu com a cabeça, não conseguiu falar, mas ficou tranqüila, pois ele sabia o quanto ela o amava. Não havia dúvidas entre eles, somente a confiança extrema entre parceiros de um grande time.

Então ele se foi e ela calmamente se dirigiu para o estacionamento. E ao som de Calling You na voz de George Michael, deu a partida e tomou o caminho de casa.

Em paz, por entender que ele tinha que ir para voltar para ela, mais tarde.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Cabra cega

Os laços que nos unem não são prazerosos, o que é prazeroso é o que resultou da nossa fracassada pseudo união,que por si gerou esta acidentalmente amarra. Um laço recheado de pontos de interrogação e reticências.

Mas estes laços mesmo que não sejam carcerários, nos prendem entre fitas de filmes enrolados de passado, presente e sabe-se lá se o futuro também.
Não temos satisfação nesta prisão. E quem tem sentimento bom entre grades?
Mas ela é indissolúvel e sendo assim precisamos trabalhar com as ferramentas disponíveis.
Contudo pra mim esta amarra não é presa por um nó cego. Sei bem onde pisei neste tempo todo. O paradoxo dessa situação encontra-se no fato de que amarrando me a ti experimentei a maior das emoções, a mais completa.
 É você quem está caminhando no escuro. Quem brinca de cabra cega é você neste momento! É você que está tateando neste mundo novo.
E eu fico aqui te observando de longe, fazendo tentativas em vão. Ou com sucesso...não sei o quenos reserva...
Você perdeu tudo o que era de bom, eu fiquei com a melhor parte.
E fiz a minha tarefa bem feita.
Apesar dos pesares...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Querendo saber...


Google

Vem cá, me conta que eu tô curiosa.
Quando você começou esta história de criar um blog,
qual era o seu objetivo?
 O que te fez aterrisar por  aqui,
o que te motivou a escrever idéias e pensamentos
 e ter esta relação virtual com o mundo?