Está se aproximando.
Logo logo será aberta a temporada do ano de choros mais emocionados, de abraços mais calorosos, de coração mais terno, de sorrisos mais leves, de trégua nas brigas, de recordações, de saudades mais doídas e de lembranças. Ah e claro, de voluntariado forte e pontual, esta ação importante, mas lamentavelmente feita por alguns somente neste período do ano. O exercício da empatia e da solidariedade deveria constar na cartilha das coisas básicas a serem transmitidas de pais para filhos. Atitudes que aprendemos vendo o exemplo dentro da nossa casa. As boas ações iniciam dentro delas e não na campanha da televisão ou da escola.
Do vizinho mala que você, num ataque de pelanca (e mesquinharia), apressa o passo ao avistar quando dobra a esquina, na maratona pra pegar antes dele o elevador até o desafeto profissional que você torce para arranjar um emprego na China. Toleramos, descontamos as suas loucuras e relevamos suas chatices. Periga até cair em si sorrindo aquele sorriso lambuzado de meiguice pro Ronaldinho gaúcho, na telinha, mesmo sendo um fanático gremista. Credo! Doce e açucarado Panetone Dezembro.
Enfim, mês de sentimos nobres.Parece liquidação, se passar de dezembro não adianta que não haverá desconto ou melhor,ternuras.
Enfim, mês de sentimos nobres.Parece liquidação, se passar de dezembro não adianta que não haverá desconto ou melhor,ternuras.
É assim, mesmo que você venha me dizer que se deprime no Natal e eu acredito nisto, porque quem já teve perdas próximas, sente mais ainda neste mês. E mesmo que não tenha perdido ninguém, simplesmente sem precisar catalogar e conceituar acha triste este período. Sim, todos de alguma forma ficam mais suscetíveis as coisas do coração.
Neste mês o coração é o rei e a rainha é a memória. Você é um mero consorte a serviço de.
Não existe escapatória, mesmo que você seja cínico, ácido, debochado, escrachado, pessimista e o escambau. Mesmo que você seja ateu, agnóstico, ou de alguma religião/crença que não comemore o Natal, vai acontecer um momento inevitável e mágico que tocará sua alma. Mesmo que você esconda de mim, sapateie ou faça juras de morte, não negue. Não negue para você, por você e somente com você.
Esta mobilização universal mexe naquela membrana que envolve a nossa mente, a nossa alma e o nosso coração. Aquilo que nos embalou junto com tantos outros fatores e nos trouxe também até aqui. A nossa memória. As nossas lembranças. Aquela caixinha cheia de recortes escondida, às vezes até de nós mesmos, nos registros de cheiros, imagens, passagens e sons de um período que todos passamos e que quando ativado nos faz recordar de doçura nas nossas vidas. Períodos de esperanças e alegrias.
Alerta o cérebro, sensibiliza o coração e traz de volta aquela criança que ainda mora dentro de nós ativada por lembranças recheadas de um passado logo ali, nem perto nem longe, presente em nós. Avivada a lembrança, a memória trata de fazer conexão com o coração e com o cérebro e a emoção se instala. E mesmo que não tenha sido uma infância de Fantástica Fábrica de Chocolate com certeza tinha a leveza que somente os pequenos têm o privilégio de ter, a leveza de quem carrega dentro de si sem se dar conta infinitas possibilidades de um futuro distante e cheio de sonhos e fantasias.
Portanto mais do que normal, negado ou confirmado, escondido ou escancarado, concordarmos que o mês de dezembro é diferente. Ou seria mágico?