domingo, 15 de abril de 2012

Bons finais



Bons finais são possíveis
Estava curtindo uma historinha a dois já fazia uns dois meses quando, de repente, descobri que ele não estava tão a fim como eu.
Numa manhã de sábado, depois de revirarmos os lençóis noite adentro, entre um café e uma torrada ele me falou que não estava rolando. Assim. Na lata, feito tapa. Como quem pede para passar o pote de açúcar, abre o jornal e troca de assunto.
Antigamente eu me esforçaria para que desse certo, inventaria desculpas, maquiaria a verdade e buscaria feito doida teses, gestos e falas que convencesse o tal fulano de que fomos feitos um para o outro, de que daríamos certo, acima do bem e do mal. Exaustivamente. Sob a luz da ilusão e do capricho sou uma advogada em ação das melhores, as minhas defesas são dignas de estudos aprofundados. Defesas vestidas sutilmente de manipulação.
Antigamente me seguraria em 1% de chance como um náufrago.
Dessa vez, me concedi a carta de alforria, passei o pote do açúcar e fui atrás de algo mais doce.
E como previsto ele nunca mais me procurou. E nem eu.
Fiquei satisfeita no final quando percebi que poupei o meu tempo, economizei no trabalho de 24h somente meu e na velha sensação de buracos repetitivos de finais já previsto.
Encurtei a distância entre o que seria e o que é. Bati a porta suavemente com as minhas bagagens bem mais leves. Deixei lá no apê dele várias peças emocionais e fui viver sem excesso de bagagem emocional.
Parti sem um quilo de frustração e dor nas costas, na alma e no coração.