terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Avant


Avant em delante. Ahead. No balé clássico usamos este termo indicando  que a etapa deve ser levada adiante.

Quando levantei da cadeira e fui em direção a saída, os meus pés bailavam como se me preparasse para um grand jeté (um tipo de salto no balé clássico) tal a leveza do meu corpo com o meu coração, na boca um sorriso e por dentro uma harmonia e paz de finalização de dança.
Terminava ali um ato de dança solo. Foi suado, foi sofrido, fiquei calejada no corpo e na alma. Mas posso dizer com a maior das certezas que fui (e sou!) imensamente feliz, que é a minha maior obra prima.
Não haverá 2º ato nesta apresentação.
Baixada as cortinas não ouvi aplausos, nem bis, mas dentro de mim encontrava-se a certeza de que, até então, não houve partner (parceiro), não houve um pas de deux ( uma dança para duas pessoas), mas tinha sido espetacular.
E agora a dança da vida continuaria com seus mistérios e belezas. A dois, a três ...
Passei o dia com a certeza de que fiz o melhor até então.
E persistiu em mim uma sensação plena de serenidade.
Espetáculo encerrado.
Que venha novas coreografias neste show somente nosso!

Grand Jeté

sábado, 25 de dezembro de 2010

Lembrar, verbo no passado.

Vanitease

Natal é família
É tecido com retalhos de momentos entre a nossa gente,
 o nosso sangue,os mais queridos eleitos pelo laços familiares.
Lembranças, sentimentos, cheiros.
Cheiro de peru, de docinhos, de champagne e suas bolinhas explodindo na boca, cheiro de gente cheirosa. Cheiro de confraternização.
Eu adoro cheiros, eles me transportam para lugares, evocam lembranças e sensações. Aproxima de mim pessoas por vezes tão distantes.
Nos natais da minha infância sempre tinha o saco do perfume secreto. Todos os anos o Tio Rui, depois de abertos os presentes, trazia para sala um saco cheio de perfumes para que cada mulher da família enfiasse a mão e tirasse uma surpresa. E as meninas também tinham direito de ter a sua surpresa. Eu aguardava ansiosa a minha vez para curtir em doses mínimas, no decorrer dos doze meses, aquele líquido mágico.
Acredito que vem daí o meu fascínio até hoje por perfumes.
Esta uma das muitas lembranças doces dos meus natais infantis.
Qual é a sua lembrança preferida?


foto de Lisa Edsalv


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ela, a partida e ele

Eles passaram a noite entre carícias, sussurros, risadas e amor, às vezes urgente e noutras selvagem, com ânsia e fome. Estavam famintos deles. Dormir era desnecessário, congelar o tempo era essencial. Não combinaram isto, mas havia um acordo tácito de prorrogar o tempo juntos.

Finalmente o tal dia chegou e por mais que imaginassem não estavam preparados para a emoção das últimas horas juntos. O assalto da dor, aquela fisgada de agonia pairando entre eles. O desejo, a fome, tudo misturado ao mesmo tempo agora.

Quando o dia começou a despontar ele, que nos últimos instantes estava encaixado no corpo dela, fez ela se virar e olhando nos seus olhos, na urgência da sua fome a estreitou nos braços e lentamente amou o seu corpo, a sua alma. Tocaram-se delicadamente em todas as partes, na intimidade dos locais que cada um sabia dar mais prazer ao outro. Amaram-se cansados e amarrados naquele gostar. Faziam isto sem coreografia ensaiada, focados em memorizar cada detalhe daquilo que seria somente lembranças nos próximos seis meses. A textura da pele, o cheiro, a voz aos sussurros e os gemidos. Sem a urgência do toque, na calma das sensações.

No caminho para o aeroporto o silêncio tinha vozes e para quebrá-lo, às vezes, ensaiavam um assunto ameno que se perdia depois de uma tentativa de diálogo. A tensão reinava por ali.

A ânsia de perder a imagem, os seus traços e seus trejeitos tão peculiares fazia com que se devorassem em olhares, olhares carregados de necessidades que sabiam que surgiria na ausência um do outro.

No balcão da companhia aérea ela observou o seu rosto mais uma vez e percebeu a tensão da sua boca, aquela boca que há poucas horas vagava pelo seu corpo lhe dando prazer, agora uma linha fina, reta e imóvel em sintonia com a mandíbula dura. Sabia que ali, morava um firme propósito, o de não chorar. Conhecia ele do inverso e do avesso e entendia que ele era o lado forte do time, que se ele desmoronasse ( e ela sabia que por dentro era o que acontecia) ela cairia e tudo se tornaria um caos. Num pêndulo, um dos lados tem que aparentar mais força. Este, naquela situação, era o papel que cabia a ele.

Eles odiavam despedidas então o combinado é que não haveria grandes cenas. Seria uma cena carinhosa, mas nada a la Casablanca. O abraço foi forte, aquela morena pequena e aquele loiro alto de olhos de uma imensidão azul. Ela se agarrou naqueles ombros largos e mais uma vez pensou como seus corpos se encaixavam de forma perfeita. Ele se perdeu naqueles cachos castanhos e desejou levar pra sempre aquele cheiro tão dela quando encostou e cheirou o seu pescoço, pela milésima vez. Em seguida lembrou que, às escondidas, colocou o perfume dela na mala para eternizar a sua memória olfativa nos momentos de saudade apertada.

A voz trancou para os dois, tamanha era a emoção, então se viraram para lados opostos.

Ela deu dois passos e não resistindo olhou por cima do ombro. Sentiu o cheiro dele bem perto, se virou. Ele colocou uma mão no seu pescoço enquanto que a outra mão puxava a cintura dela, pressionando para perto dos seus quadris. Ela riu, um risinho nervoso e se perdeu naqueles olhos. Beijaram-se com voracidade, esquecendo todos que estavam por perto. O tempo congelou e ele, com voz embargada, disse que seria difícil, mas o amor deles o alimentaria. Ela assentiu com a cabeça, não conseguiu falar, mas ficou tranqüila, pois ele sabia o quanto ela o amava. Não havia dúvidas entre eles, somente a confiança extrema entre parceiros de um grande time.

Então ele se foi e ela calmamente se dirigiu para o estacionamento. E ao som de Calling You na voz de George Michael, deu a partida e tomou o caminho de casa.

Em paz, por entender que ele tinha que ir para voltar para ela, mais tarde.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Cabra cega

Os laços que nos unem não são prazerosos, o que é prazeroso é o que resultou da nossa fracassada pseudo união,que por si gerou esta acidentalmente amarra. Um laço recheado de pontos de interrogação e reticências.

Mas estes laços mesmo que não sejam carcerários, nos prendem entre fitas de filmes enrolados de passado, presente e sabe-se lá se o futuro também.
Não temos satisfação nesta prisão. E quem tem sentimento bom entre grades?
Mas ela é indissolúvel e sendo assim precisamos trabalhar com as ferramentas disponíveis.
Contudo pra mim esta amarra não é presa por um nó cego. Sei bem onde pisei neste tempo todo. O paradoxo dessa situação encontra-se no fato de que amarrando me a ti experimentei a maior das emoções, a mais completa.
 É você quem está caminhando no escuro. Quem brinca de cabra cega é você neste momento! É você que está tateando neste mundo novo.
E eu fico aqui te observando de longe, fazendo tentativas em vão. Ou com sucesso...não sei o quenos reserva...
Você perdeu tudo o que era de bom, eu fiquei com a melhor parte.
E fiz a minha tarefa bem feita.
Apesar dos pesares...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Querendo saber...


Google

Vem cá, me conta que eu tô curiosa.
Quando você começou esta história de criar um blog,
qual era o seu objetivo?
 O que te fez aterrisar por  aqui,
o que te motivou a escrever idéias e pensamentos
 e ter esta relação virtual com o mundo?

sábado, 27 de novembro de 2010

Sem título para isto


Todo mundo conhece aquela famosa frase, cheia de interpretações, de Sérgio Buarque de Hollanda: o brasileiro é um povo cordial.

Ele se arrependeu da dita frase que levantou tanta celeuma. Passou o resto da vida tentando explicar que o que ele quis dizer foi no sentido etimológico do termo que significa "relativo ao coração", e foi neste contexto que ele escreveu  que somos um povo movido mais a paixão, ao laços e vínculos do coração do que pelo racional.

O nosso povo é cordial ou ingênuo? E olha que pra mim, ingenuidade beira a cômoda alienação ...


A nossa cordialidade é que nos leva a crer que Deus é brasileiro e se Deus quiser tudo se resolve no final, mas o lance é cair no samba, com uma loira gelada na mão, porque a gente dá um jeito, jeitinho malandro é claro. Porque no final galera o lance é levar vantagem, né?   Não! Não é! É desse forma deturpada que enxergamos um país rico, cheio de potencial, mas doente em vários sentidos. Bichado.

Prova disto é esta situação no RJ.

Não estou aqui desmerecendo nenhuma ação dos envolvidos, aplausos para quem realmente leva a sério o seu papel de justiça e defesa para com o nosso país. Estes são os nossos heróis de carne e osso, filhos e pais de família, que estão lá  agora jogando com suas vidas nesta roleta russa de proteção.
Nós assistimos sob outras lentes distanciadas e que torna fácil julgar e dar pitacos. Sob outras perpectivas não somos tão neutros como pensamos, por que toda esta violência está na nossa porta todos os santos dias das nossas vidas que sobrevivemos sem um arranhão de agressão. Quando não vivenciamos certas violências já estamos no lucro. Olha o absurdo da frase, mas é o que muitos pensam ao finalizar mais um dia. Somos reféns e vítimas de várias situações.

 Esta guerra civil não é de hoje! E sim é uma guerra civil com outras roupagens. Não se iludam,deixem de ser os tais "cordiais" que não são levados a sério em outras partes do mundo.

Foi preciso demorar tantos anos, tanta escravidão, medo e terror, morte e violência para que as autoridades resolvessem agir? Sei de outras ações que já aconteceram, mas igual a esta, tão efetiva não.  Ou achavam que bastava ser um povo alegre, cordial e simpático para que as "coisas" se resolvessem sozinhas?

sábado, 13 de novembro de 2010

A vida parecida de todos

do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain


Tem um tempo na vida que você acha que somente a sua família é bizarra beirando a esquisitices a La família Adams. E o seu olhar é de mero espectador, olhando reuniões de família como algo distante, como se estivesse olhando uma vitrine muito decorada. Então guarda esta estranheza para si, até porque ainda não consegue contextualizar as fantásticas interpretações sobre seus parentes. Como o seu mundo ainda é particular e limitado fica com a sensação de que é tudo estranho somente contigo.

Tem uma época na vida que você embala em caixas, coisas somente tuas, e acha que  está a margem (ou a deriva?) do mundo. E entre laços e fitas encaixota os segredos e os mistérios que te compõe. Segue o silêncio dos teus segredos íntimos num mundo mais aberto, não tão particular.

Tem uma hora que você se abre para o mundo e todas as estranhezas deixam de ser estranhas, passam a ser peculiaridades de cada um, marcas registradas de cada pessoa adicionadas as suas histórias de percurso. O outro já não é somente o outro, é alguém que escreveu histórias semelhantes com matizes de cores diferentes.

E é nesse momento que você percebe que o teu mundinho não se limita ao seu jardim, bem ali do lado o vizinho tem inquietações, sensações, questionamentos e vidas similares.

Ainda se surpreende quando pensa que houve um tempo que achava que a tua história de vida era única.

E assim percebe que o teu mundo é o mundo inteiro.

domingo, 7 de novembro de 2010

Tem um beatle na minha cidade!

Domingo. Sol e calor. Dia lindo.
Acordei cedinho e quando estendi os braços para abrir os vidros da sacada da minha sala, um pensamento me assaltou:  tem um beatle dormindo bem pertinho da minha casa!
Paul está algumas quadras do meu apê, bem ali no Sheraton.
Porto Alegre está orbitando neste dia. E os beatlemaníacos e simpatizantes estão vivendo este momento.
Então tá é hoje a noite o show.


domingo, 17 de outubro de 2010

Comovente



No decorrer da semana ouvi e li relatos sobre as impressões de quem viu o filme Comer, Rezar, Amar:

Me inquietou.
Gostei mais do livro.
Achei parado.
Amei.
Me senti estranha.
Maravilhoso.

Fui pro cinema movida pela curiosidade de conferir se o gostoso livro que li no verão, tomando banho de sol, se uniria ao bom filme. Não me desapontei. Adorei a leitura, mas o filme me comoveu, a mistura de belas fotografias + uma ótima história verdadeira + o sorriso gostoso, a interpretação e aqueles olhos sinceros da Julia Roberts só podia dar no que deu: coisa boa. Não vou nem falar sobre a ala masculina, pra não deixar o povo salivando...

Numa determinada cena, fui surpreendida com as minhas lágrimas. Porque será que estava reagindo assim, tão comovida, tão tocada? Afinal já conhecia a história e o livro foi salpicado de bom humor na escrita.Olhei pro lado e vi que tinha um certo funga- funga geral. Por qual motivo?

Talvez porque Liz Gilbert acena, para quem tem sede de realmente se conhecer, de buscar suas respostas mais íntimas ( e olha que conheço pessoas que nem sabem dizer se alguma vez se questionaram sobre pontos existencialistas.Nem pensaram na palavra existência. Pasmem, é verdade!) e por conseqüência achar seu ponto de equilíbrio.

Talvez porque ela mostre que é possível, uma vez que ali não se encontra uma estória fictícia e sim algo de carne e osso, a possibilidade de irmos ao encontro de nós.

Talvez porque ela nos convide inconscientemente a sair em busca daquilo que mais desejamos, no mais recôndito da nossa alma, que é realizar nossos sonhos.

Sonhos, sabe? Aqueles bichinhos internos, que de tempos em tempos nos causam coceiras na mente e cócegas no coração.

Quem não viu ou leu. Vá ao cinema!
Vale a pena, nem que seja pra ver Bali com Javier Bardem com a elegante escolha de Bebel Gilberto cantando Samba da benção como pano de fundo ou a cruzada de olhares cheia de sensualidade de James Franco e a protagonista, no primeiro encontro deles. Uauuuuuu.

domingo, 3 de outubro de 2010

Quando ela topa de cara.


“Todos os caras que dei na primeira vez acabei tendo algo mais, um namoro, um romance legal, um casório. Os que fiz docinho e joguei, não deu em nada!" Esta foi a fala de uma colega um dia desses.

Não acho que tenha regras, mas que neste quesito os homens continuam criteriosos, sim! Cheios de listas inconscientes do que pode ou não pode.
Conheço vários caras que bancam os modernos, contemporâneos, mas quando se vêem numa situação desta correm (depois do ato claro) para os seus gráficos neanderthais para conceituar a garota que passou aquela louca noite com eles. Isto já é automático. A constatação que são os homens jovens que vejo agindo assim causa desconforto e surpresa.

- Ah Carol, mas homem pode, né? – fazendo referência a um suposto caso,onde o cara era casado e garota era a namorada do melhor amigo dele. Esta observação quase estourou os meus tímpanos, de um homem que, com certeza, pegou um atalho das cavernas e parou aqui no século 21. E pasmem, um homem jovem que já nasceu em tempos de igualdade.
Pressupõe-se que os “antigos” sejam mais caretas. Não, os mais velhos talvez estejam mais resolvidos. Há uma longa ponte separando as estradas dos resolvidos e caretas.

Não existe regra, quando caímos na cama direto com alguém de primeira o que queremos é diversão, se depois vai rolar algo aí já é outra história. È o imediatismo da sensação. Se bem que acredito que na hora do jogo de carícias, beijos e tensão, o depois nem cogitamos. É algo tão remoto como traçar uma linha no mapa do Chuí para o Tocantins.

Não temos búzios, nem bola de cristal para saber o que vai rolar. E se vai rolar. Talvez não é o nosso objetivo, talvez tenha sido o momento que fez aquele clima acontecer. Talvez a necessidade carnal ou espiritual. Vai saber o que te levou ao emaranhado de pernas e suor junto àquela pessoa naquele momento. O tempo não conta nesta matemática. Se foi de primeira que rolou, se foi depois de meses,se foi uma semana. Vai saber o que te levou àquele momento, além da vontade e do prazer. Tudo é feito de energia pura, tesão misturado com tensão. Vai saber que resultado sairá. Se tiver algum resultado.

Talvez você saia desconfortável desta ação, talvez não. Se for consciente e com responsabilidade com você mesmo a margem de risco é mínima. O que prevalece é a auto-preservação, não importando de que forma você a conceitualizar. Isto é particular, íntimo, privado. Seu.

Conheço um casal que se ama loucamente e vivem junto faz 10 anos e a relação não terminou, mas começou na cama.
Tenho um amigo que diz que a melhor transa da vida dele foi com uma garota uma vez só. E não foi porque ela não quis que não se viram mais. Não rolou.
Depende do que as duas partes querem e de como a coisa acontece.

Já foi bom chegar logo no X da questão e já foi esquisito. Quem já não viveu isto e saiu com a certeza de que isto nunca mais vai acontecer? Ilusão.

De certo somente sabemos que cada história se desenrola conforme os atores principais e seus objetivos em cena. Se o que você quer é uma boa transa e nada mais, talvez numa transa de primeira isso vai rolar e ponto. Satisfação total. Se depois desta satisfação mútua, a relação continuar é um tiro no escuro. Mas quem já não esperou pra acontecer e depois não deu em nada? E quem não esperou nada e foi surpreendido?

Sexo é bom. Sexo com entrosamento e intimidade melhor ainda.
E nada disto depende do tempo.

O que você acha?

sábado, 11 de setembro de 2010

Dois pesos, duas medidas?



Então tá.
Tá na hora de crescer, afinal a sua bagagem está tomada de vivências, não está dando nem pra fechar a mala. Precisamos,  literalmente, sentar em cima. E que venha mais.
Você já se experimentou bastante nesta louca viagem chamada vida. Se a sua vida não foi recheada de altos e baixos, lamento porque você, com certeza perdeu o melhor da festa.
Já passou da infância, já deu Adeus (com dor, é claro) para adolescência, as pessoas já te mostraram o lado bom e também o lado negro da força. E continuam te mostrando, ainda bem. E você mostrando à elas.
Então vamos acordar pro lance? Vamos deixar de ser careta, porque é isto o que demonstramos ser quando rotulamos de cara um fato, uma pessoa, uma situação. E pra quem já foi adolescente um dia com toda as suas transgressões e rebeldia ainda permanece com o desejo em alerta (sentido pavor) de jamais ser um CA-RE-TA.
Porque povo, só quem é engessado, estático e um poço de idéias pré-concebidas pra ouvir conversa dos outros e acreditar de cara no que o bendito boca grande fala. Dar asas ou alimento a louco é o que mais tem nesta mundo nosso,vide as próximas eleições. Vade retro!
Precisamos exercitar a atitude que condiz com o ditado: toda história tem dois lados, toda moeda tem duas caras e blábláblá.
Precisamos boicotar os impulsivos que não usam de mapa psicológico para entender que primeiro ouvimos a informação (pra suavizar a palavra fofoca), captamos emoção, usamos a razão e o coração, aí então processamos a história. E de que lado penderá a nossa moeda.
É difícil ser justo?
(este texto não tem link nenhum com história nenhuma, é somente algo que tenho refletido muito)

E pra fechar o post, um som dos adolescentes de ontem. Da minha época, tá? rs


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Em nome das bizarrices alheias

cena do filme Tudo em Família

Hoje percebi que têm mais paranóicos soltos do que se tratando verdadeiramente. E que a ação do paranóico é inconveniente. É muito mala. E no fundo dá vontade de rir. Pelo muito que insisto em em rir dos fatos que só posso conceituar de bizarros. Agrada-me o bom humor perante situações que poderia levar para outro ânimos. Não que todos às vezes sinta vontade de rir , claro que como qualquer mortal tenho vontade de esganar certas pessoas e acho que metaforicamente falando até tenho esta atitude.


Chego a sentir satisfação quando alguma situação me surpreende, me sinto realmente viva porque é um sinal de que ainda sou ignorante de várias coisas, que muito tenho ainda que aprender, que muito chão ainda vou andar. Por mais que não tenha um peso super valorizado, nem positivo nem negativo, é importante ainda olharmos com surpresa algumas atitudes. Que entediante seria se, depois de algum anos e muitos percalços que chamamos de experiência, nada mais nos deixasse boquiabertos nesta vida.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Xô! Buuuuu

Filme Monstros S/A 

Despendemos um bom tempo da nossa energia criando monstros na nossa mente.

Adubamos a erva daninha, cuidamos do tempo de semeadura que geralmente é duro para qualquer colheita e quando menos se espera o bichinho vira um monstro. Aí fica lá entalado entre o caminho do coração e da cabeça. Rodeando entre caminhos tortuosos, criando ciladas para o nosso imaginário.

Mas a melhor parte de toda esta técnica elaborada de tortura pessoal é quando nos deparamos com o tal monstro e descobrimos que ele não passa de um sonho, e na pior das hipóteses um pesadelo sem pé nem cabeça, que a luz do dia não causa o menor assombro.

Sábado encontrei um desses monstros que cultivei um certo tempo e me deu até dó da figura patética que o tal bichinho aparenta e pior, é. Me diverti observando aquele pseudo monstro que somente morava nos meus devaneios.

Valeu muito ter encontrado a figura. Passou de imagem 3D para um simples preto e branco em vídeo VHS dos anos 70.

sábado, 7 de agosto de 2010

Um presente que só o tempo te dá


Ela sentou com a filha para tomar um café, num espaço na agenda atribulada das duas. Àquelas horas roubadas era um prazer para elas.

A filha ainda ficava impressionada com a facilidade da convivência agora entre elas. Afinal não moravam mais sob o mesmo teto.
E a mãe ainda se surpreendia ao olhar para aquela que seria a sua pequena para sempre.Vendo ali, na sua frente, a sua figura de anos atrás. A filha era um espelho para ela, mas não um reflexo ingrato do tempo, somente a sua figura repaginada. Aqueles mesmos olhos azuis transparentes, o mesmo corpo magro e longo de seus 20 e tantos anos e o brilho de um cabelo loiro quase platinado, herança dos traços germânicos da sua família paterna.

- Mãe, o passar dos anos tem seus privilégios. Não sei porque de tanta reclamação.  – disse Karen pensativa, tentado enumerar quais seriam já que ainda não tinha vivido este momento do tempo. 

- Tu não sabes o que fala! Ainda nem viveu tempo suficiente para abrirmos um fórum de debates sobre o tema. – disse Brigitte com um fio de sarcasmo na voz. Encolheu os ombros.

Trocaram de assunto e seguiram seus minutos preciosos entre um cappuccino e um pão de queijo naquela tarde de sol de inverno e frio lá fora.

Brigitte voltou para o consultório e entre dentes e aparelho, ficou martelando qual seria as vantagens da idade avançada, além das dores e limitações de um corpo cedendo ao tempo.

A tarde foi embora e a noite tomou conta do que foi o dia.

Quando chegou em casa, ouviu o som do marido aposentado traquinando com suas recentes incursões no mundo gastronômico. Deu três passos e ligou o aparelho da secretária eletrônica, subiu a escada embalada ao som da voz de sua melhor amiga de mais de 20 anos avisando que estava chegando ao Brasil.

Cheia de felicidade com a boa notícia, estancou entre um degrau e outro e percebeu ali o presente de se ter uma certa idade, a recompensa de uma amizade de longa data. Uma amizade de longa data só existe depois de muitos anos de respeito, parceria e reconhecimento.

Os anos são sábios – pensou .

Seguiu sorrindo de prazer.

domingo, 1 de agosto de 2010

Quando chove por dentro


Porque traição de amigo dói mais?


Talvez porque, de antemão, existe escondido entre um aditivo e outro no contrato amoroso, uma cláusula,  que é previsível (não agradável) o ato de trair nas relações amorosas. Será mesmo?

Pode ser que a dor seja mais forte porque insistimos na ilusão de que as relações de amizades são tecidas com tecido mais grosso, impermeável e resistente. Que o sentimento é mais constante e por conseqüência mais fixo, permanente, indestrutível. Primeiro vem a surpresa, a paralização do pensar depois vem a raiva e a vontade de brigar e por fim, a decepção

Ao perceber que numa chuva qualquer, ou mesmo num temporal o tal tecido não resistiu a surpresa invade o nosso corpo ao primeiro sinal de que algo que está nos molhando. O desconforto é imediato e com ele vem à tona outros sentimentos que incomodam, nos encharcam a alma e causa frio, frio nos ossos. Frio no coração.

Uma vez li um texto do Pedro Bial em que ele escrevia que devíamos tratar nossos amores como tratamos os nossos amigos. Resultando daí uma relação mais estável.

Em dias de certos temporais, prefiro tratar cada um como cada qual, assim as surpresas e as gotas de água grudadas no meu blusão não me incomodam tanto.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A cara de alguns dias

Liza Minelli no filme Cabaré


A vida é forte.
E tem dias que ela acorda com cara de cortesã. Daquelas que já passaram da validade, vestida de négligé preto mal escondendo as dobras das carnes de um corpo outrora curvilíneo. Maquiagem borrada, um leve suor nas têmporas, olhos espertos carregados de cajal marroquino. Olhar cheio de bagagem de uma vida bandida. Perfume Guerlain, doce.Uma piteira descansando no canto esquerdo dos lábios finos borrados de batom vermelho carmim. Espirais de um cigarro Gauloises. Traços de ironia fina naqueles lábios de antigos prazeres. Voz rouca, risada misteriosa impregnada de segredos envelhecidos, entesourados em caixas de cetim de poás preto e branco.
A senhora gorda aguarda, plácida num canapé de brocado gasto, o jovem cliente sob uma camada de tranqüilidade disfarçada.
A fome lateja dentro dela. Fome do banquete que a espera.
E o frescor e o viço servindo como sobremesa.

sábado, 10 de julho de 2010

A fúria e os tempos modernos de homens arcaicos


“- Qual de vocês que é casado que nunca brigou com a mulher?Que não discutiu, quem até não saiu na mão com a mulher? Não tem jeito. Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher.”


Esta frase é do Bruno, aquele homem que recebeu uma oportunidade de reverter a história de sua vida e trilhar o sucesso como resultado de superação. Então apareceu, entre muitas baixezas tal qual se traduz a frase acima, mais um daqueles homens boçais estagnados no tempo (das cavernas), que ainda não descobriu que camisinha faz toda a diferença, contra as doenças e as ‘incomodações’ futuras.

Mais um animal que vivia enjaulado e mostrou as garras a La Wolverine.

Agora o mundo refestela-se com as mazelas da sua vida: família, abandono, vila, morro e o diabo a quatro. Mas a verdade é uma só: pessoa ruim se esconde, mas não por muito tempo, independente de qualquer fato da sua vida. A crueldade está ali, latente, gritando, suplicando pelo alimento que mantém viva a chama da fúria. Pronta para mostrar as garras, até que um dia solta-se o gatilho e o disparo acontece. Estrondo, adrenalina, pensamento zero. Foi, já era. O bicho solta as suas feras internas. Infeliz de quem cruzar o seu caminho. Será o alvo.Nada, após aquele milésimo de segundo entre o disparo e o objetivo, será igual. Tudo vai mudar. Incontestável.

Realmente os casais brigam , as pessoas discutem, o mundo tem seus momentos de raiva e fúria, mas daí para a violência existe uma imensa distância que jamais deve ser ultrapassada. Digamos melhor, existe um abismo. E existe mais ainda, algo mais concreto, um código de ética e moral.
Nada, e repito nada justifica qualquer ato de violência! Jamais.
Ponto final de vidas enterradas. Dele e dela.

sábado, 3 de julho de 2010

Não tô entendendo - parte II


Sabe o que mais me irrita em tempos de Copa?
Brasileiro dando pitaco, se achando o rei da cocada preta do futebol. Ok, você vai dizer que faz parte. Temos liberdade de expressão e blá blá blá... Se penso logo existo, se existo faço julgamentos, se faço julgamentos é porque penso e se penso é porque vivo. E a bola vai girando no gramado da vida.

Vai lá jogar no meio da pressão do título, corre atrás da bola 90 minutos e executa todos os passes de forma exemplar para que chegue no gol. Pra isso não pode existir adversários, ok? Conclusão:  não é jogo, é a ilha da fantasia. E no meio tempo desta adrenalina fica quatro anos comandando uma equipe que faz sessenta jogos e perde somente seis, dá uma olhadinha pro time em jogo mata mata e sente o peso da responsabilidade a cada jogo. Gerir cabeças, seja em que tipo de equipe se tem na mão, exige autoridade e pulso firme. Mas respeito é importante em tudo na vida. Portanto respeito é bom e faz bem pros dentes da frente.Não é moleza! Moleza é sentar na frente da televisão, abrir uma cerveja e se achar o fodão (desculpa o palavrão, mas foi necessário aqui) do futebol, assistindo as idiotices de um monte de caras que só sabem passar informações, distorcidas e veladas, subestimando a inteligência dos outros. Porque quero saber se a maioria ali já foi jogar futebol, futebol mesmo ao invés de pelada com os amigos?

Como eu já disse, padre pra ser conselheiro matrimonial precisa primeiro casar.

Sabe o que nisto se traduz ? Na velha e já desbotada máxima: quem critica familiar, critica qualquer um. Esses somos nós, que nunca enaltecemos nada nosso. Sempre supervalorizando os nossos defeitos e aplaudindo a galinha do vizinho.

Quem mereceu voltar para casa não foi o Dunga e sua equipe. Foi o povo brasileiro e sua baixa auto-estima.

Não tô entendendo - parte I

 -

Que mundinho contraditório.


Como vamos entender as pessoas que compõe a dita sociedade.

Estamos numa época onde o que conta é ter atitude. É importante ter personalidade, deixar a sua marca, imprimir seu DNA. E mais ainda, fazer diferença.

Aí quando chega alguém e diz o que pensa, ele é tosco, bronco e grosso. Já sei você vai dizer que uam coisa é ser sincero e outra é sincericídio. Ok, concordo, mas...

Ainda estamos patinando no que realmente queremos, basta alguém seguir na contramão do fluxo dos que vão atrás dos “uniformizados” para ser taxado de polêmico. Então se instala o caos, a crítica e o julgamento. E por consequência, o rótulo. Rótulo é aquele produto muito usado pelos preconceituosos que adoram bater no peito e se intitular de modernos (da casa pra fora).

Brasileiro se diz tão cabeça aberta, mas o que mais faz é definir tribo, conceituar o que é supérfluo e de quebra carimbar com título e rótulo o que for "estranho" aos olhos deles. E ainda ostentam por estas bandas que temos liberdade de expressão. Preciso rir, espera que eu já volto.


Em alguns momentos sinto que somos muito provincianos.

sábado, 26 de junho de 2010

O momento é tudo.

Três vezes genial!
O início deste livro se apresentou para mim com único propósito, de mostrar os dois lados de uma mesma moeda, a visão do traidor e do traído. Quem já participou de forma ativa dos dois lados sabe que não é fácil de forma alguma para nenhum dos protagonistas. Trair não é só prazer e glórias, assim como sabemos que ser enganado dói, esgota e fracassa, o traidor de algum modo também traz suas marcas e feridas. Eu falo aqui da traição quando inevitável, não como esporte, que é mais comum e só traz uma consequência, a banalização dos sentimentos. É fácil falar de traição e da dor de ser traído, é o que mais fazemos. É oassunto que persegue o nosso imaginário rodeado de temores. A dor do vitimizado. E a dor do que causou o sofrimento e não teve como fugir do papel de carrasco, seja lá qual foi o motivo?

Experimente provar do gosto amargo de trair e saberá que nada minimizará o peso da culpa, por mais feliz que sejamos com a escolha feita. Toda escolha tem seu quinhão de rupturas e dores.

Quanto mais eu lia e mais envolvida ficava na escrita bem construída, foi descortinando outro tema que não deixa de estar relacionado diretamente com o que pensei no começo da leitura. Muito mais que dor, que vem no pacote da traição, o livro mostra a outra face sobre as escolhas que precisamos fazer. Escolhas de olhos abertos.

Neste livro ela usa e abusa das analogias de forma original, criando espaço para a liberdade de pensamento e sustenta o livro todo com uma escrita envolvente. Cada frase é uma construção.  Fui empática com a narrativa e faminta, o tempo todo, pelo próximo capítulo. E o que me cativa num bom livro é a fome que ele produz em mim.

Este livro fala dos duelos internos que se apresentam nas nossas vidas, mas ele não fica no “se isto ou aquilo tivesse acontecido...”

O momento é tudo - diz um dos personagens. O livro se desenvolve exatamente nesta virada de chave, neste clique que acontece nas nossas vidas. Momentos que estamos super conscientes de que não importa a escolha que faremos, ela alterará o curso da nossa história. Você, com certeza, já viveu isto. Eu também.

Irina é uma mulher casada e se depara com a possibilidade de beijar um amigo numa determinada situação e é neste instante que a história congela e se divide em dois mundos paralelos onde ela vai contando se tivesse beijado o cara e noutro em que ela não beija. As duas escolhas trará várias conseqüências, positivas e negativas. Ela extrapola todas as possibilidades desta vida em comum com os dois homens da sua vida. 

Aqui não é o acaso operando na vida, é a escolha que pontua as opções.

 Belíssima história. Ótimo desfecho. Vale a pena ler!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Nada explica tudo



Falácia. A sonoridade desta palavra é forte. Eu gosto.

“Nosso amor é uma constante, jamais mudará.”
Isto é uma falácia por si só e ponto! Mudamos sempre, só quem não muda é parede. Se o nosso olhar esteticamente falando “amadurece” porque o lado interno vai permanecer engessado. Sendo assim nada mais natural do que percepções serem transformadas, novos olhares, novos sentimentos surgem. Porque o desconhecido que surge com a sensação da mudança deve ser um  sentimento claustrofóbico, desagradável e de mau cheiro?
Mudar não é pejorativo, não precisa ser sempre algo ruim, tomado de maus presságios. Nada nos impede de mudar para melhor, aceitar as mudanças implica em acreditar que mudar não necessariamente é diminuir o amor que temos pelo parceiro (a). Claro que assim como nós, o amor tem suas fases. Mudança não é ameaça, é oportunidade! Não seja refém de você mesmo. Quem se faz de vítima, vira vítima e leva os outros pro calabouço na armadilha do seqüestro nunca antes anunciado literalmente.


Paradoxo. Gosto da complexidade do que vem no pacote desta palavrinha danada.

“Não sei onde errei. Minhas horas eram dele. Eu fiz de tudo pra ele enxergar somente eu, inclusive estávamos sempre juntos, em todas as horas em todos os momentos.”
Faça um teste. Tente atravessar a praia até o calçadão com um punhado de areia nas mãos. Se você apertar a areia, provavelmente chegará ao objetivo sem um grão.
Agora se fizer uma concha com a sua mão e deixá-la aberta, com o olhar atento na rua e na sua preciosa areia, a probabilidade de chegar com um punhado de areia no destino traçado é grande.
O amor é mais ou menos assim, atenção, cuidado e carinho em doses certas mais a liberdade devida são bons ingredientes pra se ter alguém do lado. Isto tem nome: relação saudável. E nisto reside o paradoxo do amor, quanto mais preso, mais vontade de liberdade, quanto mais livre, mais vontade de ficar perto de você.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

E por falar nisto



Ah o amor ...

O tão sonhado e esperado amor.

Invenção, intenção ou pura fantasia?

Produto caro, artigo de luxo.

Suspiramos pelo incensado amor.

Temos de várias formas, mas o procuramos de forma carnal e passional.

Um amor para se viver pro resto dos dias, enquanto der pra gente viver. Pode durar um mês, um ano, uma década. Aqui e agora entre nós dois não rola tempo cronológico, só o tempo meu, o teu e da nossa velocidade e intensidade.

Ah o Santo Graal das nossas vidas ...

Estamos a procura de. Quando encontramos vivemos apaixonadamente até que tudo se torna rotina, costume, hábito e então como bola de sabão desidealizamos o amor e passamos a reparar nos mínimos detalhes do objeto amado. Então vem a intolerância, a impaciência e porque não dizer a decepção. E há àqueles que vivem história dignas de romance, tão invejados estes apaixonados.

A- eme - o – erre, palavrinha tão falada por todos os cantos do mundo...

Por vezes sussurrada ao pé do ouvido, em alguns momentos em alto e bom som e por instantes entre gemidos e sensações. E porque não dizer, entre soluços e dores?

Quem inventou a tão aclamada definição com certeza nunca imaginou quanta responsabilidade tinha naquele momento explosivo de inspiração.

Foi Deus quem criou ou os homens?

Quem consegue definir com exatidão este sonho tão buscado por nós, reles mortais?

A única verdade que sabemos é que somos bichos casadoiros e como tal  viemos para  viver histórias de amor.

Um deserto é impossível de atravessar sem um camelo.

E a vida é humanamente impossível de viver sem outro alguém pelo tempo necessário que for da nossa história, mas com a intensidade do agora, do presente.

sábado, 5 de junho de 2010

Muito prazer, Sr tempo


Com vocês o ilustre senhor. A sua Excelência. O grande piadista, o grande ilusionista.


Parceiro inseparável da Sra Vida. Aquele que realmente é o nosso orientador.

O senhor feudal das nossas cotidianas vidas.

Existe uma época onde o tempo está a nossa disposição e o luxo de consumo é imaginar que a maturidade vai demorar muito a mostrar a sua face. Avançar pode ser um processo lento porque a vida ainda é uma misteriosa cartomante que por ora acerta e por vezes erra as suas previsões nem tão previsíveis. Um mundo de incógnitas temos a nossa frente e crescer está muito longe de nós.

A vida nos espera. Estamos ganhando a corrida. Temos preguiça de crescer, o corpo é vagaroso e o mundo está aos nossos pés. Esse viço, este brilho da juventude é o clímax do viver.

E há um tempo onde já não temos tanto tempo. Uma época que o tempo já não é nosso aliado embora não seja ainda nosso inimigo. Apesar da certeza de que o tal tempo urge.

Temos pressa de viver. Temos pressa de sentir, porque o amanhã está bem ali, na quebrada da esquina.

Fecho hoje já comemorando o meu aniversário amanhã.
 
 

quinta-feira, 20 de maio de 2010

As nossas histórias não precisam ser simples sinopses.


Ela pensou: se ele disser fica, eu recuo. Diz Fica, fica. 7x fica!
Se ele tivesse dito isto, eu não teria girado a maçaneta, dado dez passos até o elevador em direção ao final definitivo daquilo que era a nossa história. Permaneceríamos sendo “nós” ao invés de dois neste mundo afora. Ainda haveria um par por aí.

Ele pensou: vira, vira, vira!
Talvez se ela retroceder, eu tomo uma atitude e volto atrás nesta decisão nem tão decidida assim.
Quem sabe se eu falar fica, ela vira e me dá aquele sorriso de reconciliação? E eu encho ela de beijos porque de conversa estou cheio.
Não consigo me mexer, enraizei feito planta neste chão preto e branco do hall deste apartamento. Que ironia, olho pro assoalho e compreendo, em definitivo, que a vida não é preto e branco. Há matizes.



Este movimento de ficar, esta simples palavra despida de toda e qualquer arrogância momentânea pode nos poupar o incômodo do desconhecido, da ausência, da quebra de rotina e principalmente da retirada prematura (talvez) de um bem querer das nossas vidas.
Quantas vezes esperamos uma palavra singela, um gesto despretensioso para retroceder e escrever diferente a página seguinte de uma vida a dois. Uma página que pode ser o prólogo e não o epílogo de uma aventura contada a quatro mãos.


Querem saber como eles ficaram?

Ela: correu pro carro, abraçou a direção, encostou a testa nos braços e suspirou de forma profundo ( um último suspiro?). Ligou para a amiga de sempre. Quando a amiga pronunciou a frase tradicional: - o que aconteceu? A voz embargou e o choro tomou conta daquele corpo.
Chegou em casa, tirou as roupas no automático, ouviu aquela música de doer os ossos, abriu uma garrafa de vinho e por milagre, achou um Lexotan no fundo da gaveta do banheiro, entre o barbeador e a escova de dente dele. Dormiu abraçada entre os travesseiros e a velha amiga tristeza.

Ele: ouviu o estalo do elevador descendo, demorou alguns segundos para assimilar o ocorrido, puxou o celular do bolso e ainda meio atônito marcou um futebol com a galera do bar.
Bebeu, jogou e só se deu conta da falta daquela mulher quando abriu a porta do apê e não tinha luz, nem som, muito menos o perfume dela no ar. Ali se fez silêncio na sua alma.

domingo, 9 de maio de 2010

Um beijo cheio de alegria

Para quem já é.

Para quem já foi.

Para quem será.

Para as que optam por não ser.

Para àquelas que de uma forma ou de outra exercem este papel, de mãezona de alguém.

E para os nossos homens contemporâneos que praticam a sua poção mãe de forma excelente.

Um beijo grande por hoje.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A tristeza não precisa ser uma rendição.


No filme Tudo acontece em Elizabethtown, num determinado momento, a protagonista fala que a tristeza é uma rendição.
Concordo. É fácil  render-se em meio a guerra diária, suas mazelas e suas atribulações.
É uma atração perigosa esta que nos chama quando a tristeza encosta de jeitinho em nós, se afoga nos nossos braços e estreita a nossa alma afetando de um jeito desastroso o nosso mundo e de quem nos rodeia. No vácuo do sentimento, ali te sugando.
O difícil nesta vida é pelear para não se dobrar, não deixar o baixo astral nos afetar.
Transformar e ditar as regras por uma atitude mais salutar.
Manter o espírito alegre não é impossível.
Existem pessoas que já vem com a poção pronta, são felizes por natureza e há àquelas que fazem disto um exercício diário.
Acredite que no final da batalha todos temos direito a esta fatia da torta chamada felicidade.
O que importa é crer e o resto flui naturalmente.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Eles e o meu sono

cena do filme Peggy Sue - seu passado a espera (Coppola)

Ouço por aí que os sonhos tem tudo a ver com o subconsciente. Aquela gaveta cheia de bugigangas mentais que pode ou não extrapolar para realidade e teima em alguns casos, ficar ali no modo stand by, louca pra soltar os bichos de forma consciente. Me desculpe Freud, mas gosto deste termo.

Então falando de sonhos, de uns dias pra cá ando sonhando com o passado num estilo meio Peggy Sue - seu passado a espera.Fui longe agora, né?  Viajei nos devaneios.

Ando sonhando com uns garotos que já habitaram esta morada chamada eu. Garotos estes que já seguiram a estrada, uns que ainda convivo, outros que nunca mais nem senti o cheiro no ar, mas de alguma forma seguiram em estrada opostas a minha. Garotos que viraram homens. Engraçado, acordo rindo do passado que me espreita do nada.

Vai ver ficou algumas dívidas pendentes, lacunas não preenchidas, perguntas não respondidas e eles me assombram na calada da noite feito fantasma. Esta talvez seja a explicação mais lógica para o assalto no meio do meu querido sono.

Mas nestes casos vou deixar o meu nome no SPC e Serasa sentimental porque não tenho a mínima vontade de revirar gavetas e achar solução para coisas que o tempo já se encarregou de finalizar.

Beijos ao que permanecerão, na minha vida, somente através dos sonhos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Excesso de bagagem derruba a mala


" A liderança é como uma dama.
Se precisar dizer aos outros que tem classe, é porque não tem."
 Dama de Ferro - Margaret Thatcher

Acho esta frase genial, sintetiza tudo.
Marketing pessoal é válido.
Afinal, se não nos vendermos quem fará este trabalho?
Mas certas qualidades dispensam apresentações! Excesso de informação é igual a mala cheia, vira.
Como diz o delicioso Frejat: rir é bom, rir demais é desespero...

sábado, 3 de abril de 2010

E assim se constrói um feriadinho...

quando alguém me pergunta sobre um momento feliz, logo componho na minha cabeça uma cena:
barulho das ondas, rede compartilhada com  um bem querer (seja ele amigo, amiga, amor, filha), cheiro de bronzeador no corpo quente, sal do mar nos cabelos, biquíni, havaianas nos pés e a bendita paz de não ter compromisso com nada nem ninguém.  Preciso falar mais alguma coisa? Aiai...

Bom coelho a todos que fazem parte deste meu jardim!

Caminho do rei - praia do Rosa (SC)

sábado, 27 de março de 2010

Um monstro chamado ciúme



Ciúmes é um bicho pegajoso.


Bicho que te come, te consome, te corrói e pior, te destrói.

Bicho venenoso que anda de mãos dadas com a insegurança, que flerta com o perigo, que namora com o caos e casa com a loucura.

Traduzindo:  Anna Jatobá.

domingo, 21 de março de 2010

Porque terminar não é o fim - da série Bons Finais

Cena do filme Histórias de amor duram apenas 90 minutos

Um homem jovem perdido.
Uma mulher que sabe o que quer.
Uma terceira pessoa, uma mulher, no meio desta relação antagônica que traduz a personalidade deste casal.
Este é o mote do filme Histórias de amor duram apenas 90 minutos. O tempo de um longa-metragem.
Ótimos diálogos, atualidade nos conflitos.

Eu poderia fazer um paralelo com uma partida de futebol. O tempo que dura um jogo entre, digamos, um clássico grenal. Com direito ao básico: falta, expulsão, pênalti, banco de reserva e é claro, muito gol. A diferença que são 11 de cada lado consolidados em somente duas pessoas nesta partida. Um jogo a dois. Uma delícia de jogo, aliás. Ou quem sabe entra e sai mais pessoas no meio desta “pelada”?  Isto dá outro post, vou deixar no forno esquentando.

Voltando a duração de um caso de amor.
Mas e a nossa, a sua ou a minha relação tem tempo pré-definido para durar?
O amor não tem contrato.
Não faz pacto com a matemática, mas adiciona, diminui, multiplica e divide com a facilidade de quem já nasceu Phd em raciocínio lógico e matemático.
Ninguém entra em uma relação, seja de que tipo for, em maio e acorda nos aditivos do contrato que em outubro é finito. Ou em maio do outro ano. Alguns até se iludem em achar que ditam as regras, mas neste grupo se encontram os que mais se estatelam no chão.
O amor é, antes de intenso, extenso até a hora que descobrimos que deu, acabou, não dá mais. E já está valendo. Se os dois saírem inteiros então foi um sucesso. Valeu, tivemos sorte de nos encontrar. Isto é somar!
Machucados sempre vão existir, o que importa é que certas lesões tem remédio. Aleijados de alma, aí complica...
Quando um relacionamento próximo termina, os curiosos camuflados de amigos querem saber os detalhes sórdidos. Quando você, num ato de generosidade a curiosidade mórbida alheia (ato sem parada obrigatória!) resolve esclarecer alguns pontos cegos e diz que apesar da dor, da adaptação e da falta do outro dentro do seu esquema de rotina, foi um consenso à separação, te olham incrédulos, de soslaio, céticos.
Porque?
Porque já é de hábito maus finais.
Toda relação tem que terminar com o varal estendido para fora da janela, com barraco, sangue, suor e lágrimas mais o kit completo de desavenças?
Podemos começar a escrever outras finais.
Bons finais.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Tempo Polvo


Atitudes geram mudanças.
Não é o tempo que vai mudar o que está rançoso feito manteiga passada.
 É preciso desalugar o tempo e remexer o nosso lado B e revirar as gavetas mentais. Isso altera o nosso mundinho particular. Há de se ter coragem para cutucar.
Talvez aí se encontre o maior desafio: enxergar o que precisa ser mudado, e principalmente ir mais além.
Movimente-se!
Não espere o tempo te agarrar.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dica


Não sou sexista e não curto datas criadas para comemorar aquilo que de forma espontânea é de todos, ou seja, todos os dias são das pessoas do bem independente de sexo e aí já se encontra o milagre da vida quando encontramos o nosso parceiro-travesseiro e dormimos os sonos dos justos. Em paz com o mundo.
Mas enfim, já que instituíram este dia como sendo nosso e só agora parei a jornada diária ( coisa de mulher.rs), vai uma dica:

Mulheres, figuras exóticas.
Incensadas.
Não tente compreendê-las.
Melhor somente aceitá-las.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Projeto Baleia Franca


No período de agosto a novembro a baleia Franca visita a Praia do Rosa em Santa Catarina. Pedaço do céu descoberto na década de 70 por surfistas e hippies.
A baleia franca ( inteligente predador) elegeu este local cheio de energia boa como seu berçário natural. Ali ela alimenta seus filhotes nos seus primeiros meses de vida para daí partir para viagens mais longas.

Em semana de tragédia no Sea World aqui vai a dica.

Com certeza as baleias que nos visitam são mais felizes do que as que  vivem em tanques... e de quebra você recebe um show como o esguicho em forma de “V”, nado de costa e saltos. Vale a pena ver!

Quer ver baleia, vai lá!

E de quebra você pode fazer passeios para ver as gorduchas!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Comida estragada


A quem interessar possa
A conversa, no meio do jantar, me fez mal. Comi cru. E pensar, que amo comida japonesa!
A digestão se tornou pesada neste corpo. Digamos que fiquei com a espinha do peixe entalada no pescoço.
Meu metabolismo expulsa vagarosamente as toxinas da nossa conversa. Sendo assim me sinto com liberdade para absorver e deglutir os efeitos residuais da sua maléfica fala.
Só lamento que você não perceba a inveja por trás de todo aquele discurso.
Transferir responsabilidade para os outros é cômodo. Não arranha o nosso mundinho particular. Por breves momentos, logo logo a realidade vai te abraçar de surpresa. Não existe tempo que demore a sinalizar o que está fora de sintonia.
O problema está em ti e nas tuas frustrações, me isento de qualquer participação. Me dou o direito de não pegar pra mim.
Este fardo só você merece carregar. Use a vontade.
Obrigada por me oferecer.
Desculpa por não aceitá-lo.
Rezarei, um dia, por você. Para que a lucidez tome conta deste corpo.
E que venha jantares mais saborosos!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Da série: As vantagens da vida bandida

O governo Lula não deixará saudades na minha vida, apesar do grande avanço econômico do nosso país. Aliás a única saudade que ele incita em mim é das aulas de história quando lembro do pão e circo. A parte isto tenho nojo quando ouço o discurso pronto e pobre do senhor governante. Oratória pobre e cheia de gracinhas pra boi dormir, ou melhor, para agradar gringo porque ele só agrada lá fora com seu marketing virulento com requintes especiais para maquiar o que acontece nos bastidores, na nossa realidade. Aqui vivemos o impacto dos desmandos do seu séqüito. No decorrer dos anos do seu mandato vi a sua preocupação com a população carente ( bolsa família, bolsa escola, fome zero, bolsa gás e blábláblá) e nem tão carente como mensalão, mensalinhos e outras cositas más. O advento Lula foi exatamente isto para mim, um advento, um surto. Um surto longo que ainda persiste por estas terras brasilis. Antes dele e após ele, exercitamos continuamente e de forma fugaz o denominado choque veloz. Brasileiro que se preza sempre leva o choque frente a tragédias. Aprendemos como ninguém a exercitar este sentimento. Afinal, a cada nova tragédia paramos em frente a um meio de comunicação, arregalamos os olhos, dizemos: -Oh, aonde vamos parar? E seguimos o trem de horror nosso de cada momento até a próxima tragédia. Enfim, entre carnavais e copas, a vida é um flash!
Desculpa a ironia, mas ela está comendo os meus ossos e apesar de ser apolítica, de repente tive urticária mental e precisei soltar o verbo (ou os demônios?)
Então vamos conversar sobre o Bolsa Auxílio Reclusão.
Não recebi o tal e-mail que falam, eu tenho informações de um jornal íntegro da minha cidade e baseado nele fui buscar maiores detalhes. A minha idéia aqui não é contar pormenores previdenciários ou não sobre a tal bolsa, mas sim levantar o debate e agregar o governo vigente com o auxílio. Ressalto que este auxílio não vem do governo Lula.
Há uma discussão acerca da concessão desse benefício tanto quanto polêmico; algumas correntes discutem se ele constitui ou não uma espécie de “prêmio” oferecido ao preso; se sua concessão não constitui um incentivo à prática de crimes e proliferação da violência. Isso se dá porque de um lado a lei penal sanciona o delinqüente, de outro, a lei previdenciária procura garantir as necessidades dos familiares desamparados em virtude da prisão. E o meu desamparo e o seu ? fazemos o que com ele?
O auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em que estiver preso sob regime fechado ou semi-aberto.
Pobre "coitado" do preso, aprendeu desde cedo o que era certo e errado na lei da selva chamada mundo e mesmo assim, caiu no crime.
Mas ele tem trabalho, contribui no INSS e mesmo cometendo desatinos como matar, roubar e desgraçar a vida do próximo (coisinha pouca, né?) e de quebra arrastar a família inteira da vítima pra sarjeta, ele tem que “sustentar” a sua, os seus rebentos. Então no meio de tantos choques veloz descubro AUXÍLIO RECLUSÃO.
Veja bem, algo em torno de R$ 560,81 a R$ 798,30/filho, conforme tabela da previdência e tempod e arrecadação. Sendo que o homem que trabalha de sol a sol e nem sabe se chegará em casa no cair da noite, pois pode topar com um desses “coitados exús sem luz” recebe míseros R$ 510,00 – salário mínimo vigente em 2010. Sentiu como o nosso país é justo? Lula é gente, meu povo! Gente como a gente!
Então eu te pergunto, caro leitor, qual é a benesse para aquela pessoa, violentada, assaltada, atemorizada ou assasssinada por aquele “coitado ” que não está nem aí pra sua vida? Afinal, você é só mais um na fila dele, o pobre coitado do bandido, e a fila dele tem que andar.
Enfim, em todas as esferas, criminalidade dá lucro!
Então, quando vamos deixar de nos questionar aonde vamos parar e nos perguntar em que mundo estamos agora? Que país fazemos parte?
Alguém se habilita a responder?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Do que não foi e poderia ser. Ou do que não poderia e foi.


“– Você já teve um amor impossível?
- Todo mundo teve! E se fosse possível, não teria deixado tanta saudade. As melhores coisas são as que não se realizam. Viram um gancho em que você pode pendurar o que quiser. "
Maria Adelaide Amaral em entrevista para Revista Marie Claire.

Quantos projetos não saíram da gaveta e volta e meia você se pega pensando neles como um mega projeto revolucionário?
A melhor idéia, em algum momento, você pode acreditar que é aquela que jamais saiu do papel?
Quando te perguntam qual foi a melhor amiga da sua vida, você lembra daquela que chegou sem pedir licença, se instalou no seu ser e sem mais nem menos, por uma briga fútil foi embora sem dizer adeus? Ou melhor, lembra da amiga de infância que ficou lá... na infância.
Quando pensamos na sogra ideal, não lembramos da atual. Direto vem na mente aquela que sempre morou na Sibéria.
A melhor relação é aquela que não durou para ver o dia a dia e suas atribulações chegar ?
O namorado perfeito foi o anterior? Nem lembramos mais que no término ele entrou com o pé e nós com a bunda.
O melhor emprego é aquele que não fomos selecionados. Ah, naquele você ia estourar. Com certeza!
Cidade maravilhosa é aquela que passamos férias das nossas vidas?
O melhor sonho é aquele que ainda alimentamos na nossa caixinha de Pandora chamada cabeça, mesmo que já tenha passado 15 anos?
A melhor fase foi a adolescência, afinal agora você está com 40 anos. Deletou todas as crises de questionamentos que veio no pacote existencialista do alto dos seus 16 anos.
O grande amor é aquele que não vingou ou que já se foi?
Então, caro amigo, além da nostalgia você pendurou vários "se" no cabide do seu armário chamado eu.

Tendemos a nos apegar como náufragos no impossível, no que não aconteceu e não acontecerá. Há de se ter cuidado e atenção para não jogarmos uma responsabilidade indevida em algo que não temos como advinhar.
O impossível seduz, nos consola, nos dá chance de pensar na nossa própria reinvenção. Quem sabe um dia? Algumas vezes o que jamais será nos alimenta, nos alavanca para um futuro mais prazeroso. Muitas vezes ele nos faz emagrecer, nos causa fome. Fome de ser o que não seremos ou não faremos. Por comodidade, por covardia podemos minguar.
Precisamos muitas vezes destas doses homeopáticas para enfrentrar a dura realidade, mais crua mais nua do que nossos sonhos coloridos em telas de HD.
A sabotagem ocorre quando extrapolamos o imaginário e levamos para competir com a nossa realidade nos enredando na teia da zona de conforto para tornar mais fácil os futuros insucessos que inevitavelmente acontecerão. Acontecerão porque já aceitamos eles como destino. Inevitáveis, pois já estamos com um pé para que dê errado.
Comparar o que é com o que poderia ser é golpe baixo. A realidade não ganha a corrida. Só existe comparação entre o concreto e o concreto. Se compararmos sonhos não vingados com projetos realizados há uma desvantagem injusta entre o que foi e o que ficou no ar. A competição é desonesta. Sabemos quem ganhará esta partida.
E ali se instala o abismo entre você e o mundo. Percepção é tão subjetivo, tão pessoal e este pessoal é tão íntimo de nós e tão somente nosso que ali pode encontrar-se, camuflado entre o real e o sonhado, desejos frustrados. Ou no apego acomodado da ilusão do que jamais será?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Uma palhinha...direto do túnel do tempo.

Tá, então tá combinado.
Lá no Pepsi on Stage
Hoje
21:30.
The Cranberries

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pragmática ou confrontadora?


Outro dia, atolada de trabalho, irrompe na sala uma colega reclamando de que não importa para que setor ela é transferida que sempre há fofocas no ar.

Pessoa bacana, simpática e cheia de vida ela é, mas circula em volta (ou dentro) de fofocas corporativas.
A pessoa atarefada deixa a alegre desabafar e como quem fala do tempo, de forma até desleixada propositalmente, questiona:
- Quem sabe não é a fofoca que te persegue, é você que persegue ela? Se você muda de setor e mesmo assim as fofocas estão sempre presentes, talvez você tenha que rever os teus conceitos...

A alegre olha a outra chocada, estufa o peito, bufa e sai da sala fincando o salto agulha. Ofendida como só ela.

Ás vezes é hora de parar de enxergar nos outros o que está em nós, só assim é possível mudar o ângulo de projeção. A linha da negação encontra-se no meio do caminho entre a fuga e a sinceridade com o nosso eu mais íntimo.
Se o script anda se repetindo na sua novela diária, acredite que cenário e personagens não mudaram de figurino. A vestimenta continua a mesma. Sinalizador de que “ há algo de podre no reino da Dinamarca”. Concorda, Hamlet?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Não ao PAC!



Personagem do desenho A Corrida Maluca

“Adorei seu post, mas como era muito longo não deu pra ler inteiro, mas deixei um coment,tá?”
mensagem que recebi no MSN de alguém do planeta Nonsense que fez uma visita ao Café e Papo.rs

Outro dia estava num dos meus santuários curtindo várias leituras e ouvindo música, na livraria Cultura, quando ouço na minha frente um senhor dizendo assim: ‘- Olha Fulana, este livro deve ser bom, mas é muito grosso...’ Me deu vontade de emendar: - Grosso é quem, tu ou o livro? Mas como estava sem vontade de ser ácida naquele momento prazeroso, olhei para o livro que estava folheando e dei uma boa risada, como se fôssemos cúmplices do besteirol alheio.

Aquela velha frase “Devagar e sempre” já foi pro lixo. Hoje devagar e sempre chega atrasado! Concordo, precisamos ser polivalentes, multitarefeiros,  viver internamente a revolução tecnológica é sine qua non (sem o qual não pode ser). Em contrapartida há os que comem cru, pois na ânsia de não achar o caminho do meio, do equilíbrio, esbarram na própria ansiedade de viver o tudo aqui e agora e no fim da estrada se dão conta de que não viveram nada, somente ficaram a margem das oscilações do seu próprio self.

Passamos batido por coisas, mas relações e pessoas não contam no pacote de aceleramento de crescimento.

Outro dia uma amiga comentou que foi na nutricionista e a mesma lhe disse que descascasse a maçã, porque com a onda de agrotóxicos tinha que cuidar isto e blá blá blá. A minha acelerada amiga disse que seria impossível comer a tal fruta porque não podia parar para descascar uma fruta entre um projeto e outro no trabalho. Fiquei com cara de planta. Será que ela ainda tem um tempinho pra transar com o namorido e desfrutar um chopinho com os amigos? Que significado terá, para ela, a palavra mo-men-tos?

Nem a fruta estamos mais saboreando!
Perdemos o tesão pelos mínimos detalhes que fazem total diferença no resultado final.

Robôs que somos,  periga termos agendado no smartphone o dia e o horário para falar com aquela criatura que criamos e/ou geramos. O tal do filho. Sabe quem é?
Há os que tem agenda até para programar o fim de semana! Vade retro!

Sou acelerada, rapidinha em tudo o que faço.E como boa geminiana que sou faço várias coisas ao mesmo tempo. Minha mãe diz que além de ter nascido 10 dias antes do previsto, ela não teve tempo de chegar na sala de cirurgia, nasci no corredor do hospital. Quando meu pai terminou de fazer a baixa no hospital o médico já estava dando os parabéns. Até aí tudo bem é o meu jeito de existir e ser por estas bandas, mas a pergunta que não quer calar: estamos correndo para onde? Será que vamos parar ou melhor (ou pior), aonde nos levará toda esta maratona?

No desejo de otimizar com eficácia a administração do nosso tempo, negativamos fatos e relações valorosas.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Liberdade total e irrestrita a fantasia


Esta semana foi divulgado um estudo britânico que afirma que o incensado Ponto G não existe, somente na imaginação feminina. Mas de que ingredientes é feita a nossa relação com o sexo do que com grandes doses de estimulação física, visual e também de imaginação? Somos bichinhos fantasiosos que precisamos de estímulos. No seco nada rola, pelo menos para maioria, creio eu. E é fato consumado, que nós mulheres, somos mais criativas no tema relações. Não falo que os homens não são, longe disso garotos, mas vocês não perpetuam o fator imaginação depois de um tempo, até porque tem muito a ver com a conquista. Mas isto dá outro post. Desculpa se magoei...

Os especialistas que defendem a causa dizem que a hipersensibilidade da região se deve às suas múltiplas terminações nervosas. A mítica zona erógena foi descrita pela primeira vez por um cientista alemão em 1950 e de lá pra cá, algumas mulheres se tornaram templários em busca do tal Santo Graal do prazer. Em busca dele algumas quebraram paradigmas e irromperam terrenos desconhecidos e outras tranqüilamente aceitaram o conceito, pois já conheciam a fonte somente ainda ninguém tinha teorizado em cima daquilo que entendiam como prazer nas suas relações. Prazeres mútuos. Sabiam dar e receber prazer na mesma proporção. Se um parceiro não sabia, elas ensinavam o dito cujo, sem pudores nem neuras. Se ele não aprende é outra história.

A maioria das mulheres têm como sexo um dos fatores fundamentais para relação andar. Sexo é sexo, amor é amor, mas dificilmente uma relação vai adiante se o sexo bom entre os casais não acontece. É premissa básica. Se não for bom e aí se inclui dar e receber prazer, não estamos falando dos autistas que inflados no seu mundinho nem lembram de dar prazer, a coisa toda não vai adiante. É inevitável a frustração externa e acabamos levando para o meio da nossa cama esta sensação muitas vezes vestida de outras desculpas esfarrapadas, mas que se cutuccarmos tem a ver com sexo sem química, sem graça e mofado. Sexo é ator principal junto com amor, parceria, cumplicidade  e outros itens vitais para a relação andar. Um não excluí os outros, mas tem que ser simbiótico.

Não é de hoje que exploramos o nosso corpo em busca de infinitas formas de prazer para nós. Fazemos isto desde a tenra idade com objetivos distintos a cada fase da nossa vida.

A pesquisa foi feita com mulheres entre 23 e 83 anos e 56% declararam ter o ponto G, a maioria era jovem e sexualmente mais ativa do que a média. Mas o estudo foi considerado deficiente por Beverley Whipple, que ajudou a popularizar o Ponto G nos anos 70. Ela afirma que o estudo não investigou opiniões de lésbicas e bissexuais, pessoas que se utilizam de diferente técnicas sexuais. Neste ponto, com perdão do trocadilho, voltamos a imaginação e nós mulheres com nossas vontades de inovar. É mais fácil você achar um homem acomodado sexualmente do que uma mulher que queira passar a vida inteira querendo só o papai e mamãe. Sendo assim, ativas ou não somos talentosas na arte de inovação.

E por isto mesmo continuo acreditando que o Ponto G existe e nós, mulheres que entendemos dele. Ponto!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Rodrigo. Para sempre presente.

Há 42 anos você nascia.
Faz 8 anos que o início da tua viagem, pra longe da tua família, começou. Quando comprou a passagem era só de ida. Você já sabia que era um caminho sem volta. Lembro nitidamente o último olhar antes de entrar no elevador. Não quiseste despedidas no aeroporto, quando foi morar em Recife.

Quando recordo o último verão que fui pra Recife, ironicamente para comemorar a tua vida que recomeçou após a quimio, penso no teu olhar longe, vago (ou resignado?), uma calma ali acontecendo enquanto olhava  para o mar numa certa manhã  em que fui ao teu encontro, na praia, enquanto tomavas chimarrão. Lembro das nossas conversas, dos teus passeios com a Vic, das risadas roucas, da discussão que tivemos numa certa noite porque não queria que te entregasse.
Aquele último fevereiro foi memorável de uma forma preciosa, regada a esperança que virou pó nos meses seguintes.
Talvez eu já soubesse, no mais íntimo de mim, que você pressentia um não futuro ali acontecendo.

Mais alguns meses de luta, esperanças em vão a espera daquilo que sabíamos que era inevitável, mas não queríamos acreditar. Eras tão novo, tão cheio de vida, tão bonito, pura adrenalina correndo nas tuas veias como os tubos das ondas que surfava.

Então veio a catástrofe.

Numa segunda feira te buscaram, quem te convidou para o passeio eu ainda não descobri, quem pegou na tua mão e atravessou contigo esta estrada desconhecida também não sei.

Noite chuvosa, dia perturbador, agonia no peito, telefonema triste, notícia trágica, aeroporto na madrugada com destino ao nordeste, mas não para passear. Era com roteiro traçado para a burocracia do translado do seu corpo para descansar em nossas terras gaúchas. Último desejo. Estado de choque composto de pesar, saudade, perplexidade e dor...
Encontro inevitável com o começo de uma nova fase das nossas vidas onde eu permaneço e você se foi, para sempre.

Você sempre soube que demoro a me adaptar as mudanças no meu calendário anual da minha inexplicável vida, mas decerto estava, em algum lugar, rindo. Aquele teu riso debochado, satânico, recheado de humor inteligente que expunha quando queria implicar comigo, quando aprontava as tuas de irmão mais velho.

Ninguém me avisou, foi tudo tão rápido. Não estava preparada, mesmo que meses antes já havia sinais de que a sua partida era fato consumado. Primeiro veio a dor quase física, negação, logo em seguida a raiva. Afinal você havia me abandonado e esta partida era definitiva! Sensação de desamparo.
Era uma nova vida, sem tu. Briguei com o teu imaginário por meses a fio. Necessitava destilar o veneno.

Dentro dos meus ilusórios planos futurísticos, uma das minhas idéias concretas era nós envelhecendo juntos e havia nesta imagem composta um certo conforto doce de que apesar de cada um viver a sua vida, estarmos irremediavelmente unidos pelos vínculos de cumplicidade, travessuras, passagens e momentos que nos fazia irmãos nesta caminhada.

Então você me deixou e eu fiquei aqui, sem respirar num primeiro instante e o vazio se instalou. Um vazio silencioso, daqueles silêncios tensos que falam, que pesam, que tomam forma.

Foi difícil os primeiros dias, translado, corpo, retorno, dor, tristeza, equilíbrio para segurar a onda familiar que te confesso, muitas vezes não tive. Amigos foram essenciais nestas horas, sempre ali. Superação? Nem sei se superei, só sei que fui sobrevivendo.

Então juntei os retalhos que sobraram e recomecei. Por hábito de cair e levantar, por resiliência, pela Vic, pela mãe, sei lá.

A saudade é tão doída no início que a gente acha que não vai suportar e quando o tempo vai passando e ela vai aumentando, esmagando, sufocando, surge o milagre vestido de resignação.Começamos a nos acostumar com a “bichinha” e ela se torna uma nova companheira de jornada, espaçosa e possessiva. E isto não nos impede de termos dores bipolares, em determinados dias. Vivemos na gangorra dos sentimentos.

O tempo passou e no começo receava que fosse esquecer a voz, a risada, as expressões. Pura ilusão porque viemos da mesma carne e olhar para mim e pra nossa família em determinados situações remete direto ao teu jeito. Está impresso no coração, na alma. Ferida exposta.

Lembro de ti todos os dias, sem exagero.Quando sinto o cheiro do mar entro em sintonia fina com a tua lembrança mais forte.


A alegria já não é mais completa quando acontece algo positivo, o céu nunca mais fica azul de brigadeiro. Tem sempre uma sensação de desbotado no ar por mais feliz que esteja.

Em certos instantes a tua presença é forte e quando quero te contar algo que aconteceu, me dou conta de que não estás mais aqui. Aí dói, meu véio. Ah dói... E a tua falta se faz mais pungente.

Se anos antes falassem sobre isto, na acreditaria no que aconteceu nas nossas vidas.

Mas o tempo que vivemos juntos foram fundamentais para compreender, com uma certeza espantosa, que o caminho não terminou e a nossa história ainda está sendo construída e que o nosso reencontro vai acontecer.

Sei que a missão das pessoas tem tempo estipulado e que quando ele expira, elas se vão e passam a viver dentro do nosso coração.

Tu permanece aqui junto de mim e no plano que está, olha e zela por nós, participando e torcendo pela nossa felicidade e realização.

Acredito nisto pra seguir em frente. Me agarro nesta idéia.

Sinto quando está perto de mim, a tua presença é quase palpável, por mais louco que pareça.

Não existe um adeus, apenas um até logo

Beijo mano da tua Caro.
Te amo. A toda a hora. Sempre.

PS* este texto está  aqui no blog desde 2008, mas hoje reformulei algumas partes.