domingo, 27 de novembro de 2011

Rei coração e a Rainha Memória

Está se aproximando.
Logo logo será aberta a temporada do ano de choros mais emocionados, de abraços mais calorosos, de coração mais terno, de sorrisos mais leves, de trégua nas brigas, de recordações, de saudades mais doídas e de lembranças. Ah e claro, de voluntariado forte e pontual, esta ação importante, mas lamentavelmente feita por alguns somente neste período do ano. O exercício da empatia e da solidariedade deveria constar na cartilha das coisas básicas a serem transmitidas de pais para filhos. Atitudes que aprendemos vendo o exemplo dentro da nossa casa. As boas ações iniciam dentro delas e não na campanha da televisão ou da escola.
Do vizinho mala que você, num ataque de pelanca (e mesquinharia), apressa o passo ao avistar quando dobra a esquina, na maratona pra pegar antes dele o elevador até o desafeto profissional que você torce para arranjar um emprego na China. Toleramos, descontamos as suas loucuras e relevamos suas chatices. Periga até cair em si sorrindo aquele sorriso lambuzado de meiguice pro Ronaldinho gaúcho, na telinha, mesmo sendo um fanático gremista. Credo! Doce e açucarado Panetone Dezembro.
Enfim, mês de sentimos nobres.Parece liquidação, se passar de dezembro não adianta que não haverá desconto ou melhor,ternuras. 
É assim, mesmo que você venha me dizer que se deprime no Natal e eu acredito nisto, porque quem já teve perdas próximas, sente mais ainda neste mês. E mesmo que não tenha perdido ninguém, simplesmente sem precisar catalogar e conceituar acha triste este período. Sim, todos de alguma forma ficam mais suscetíveis as coisas do coração.
Neste mês o coração é o rei e a rainha é a memória. Você é um mero consorte a serviço de.
Não existe escapatória, mesmo que você seja cínico, ácido, debochado, escrachado, pessimista e o escambau. Mesmo que você seja ateu, agnóstico, ou de alguma religião/crença que não comemore o Natal, vai acontecer um momento inevitável e mágico  que tocará sua alma. Mesmo que você esconda de mim, sapateie ou faça juras de morte, não negue. Não negue para você, por você e somente com você.
Esta mobilização universal mexe naquela membrana que envolve a nossa mente, a nossa alma e o nosso coração. Aquilo que nos embalou junto com tantos outros fatores e nos trouxe também até aqui. A nossa memória. As nossas lembranças. Aquela caixinha cheia de recortes escondida, às vezes até de nós mesmos, nos  registros de cheiros, imagens, passagens e sons de um período que todos passamos e que quando ativado nos faz recordar de doçura nas  nossas vidas. Períodos de esperanças e alegrias.
Alerta o cérebro, sensibiliza o coração e traz de volta aquela criança que ainda mora dentro de nós ativada  por lembranças recheadas de um passado logo ali, nem perto nem longe, presente em nós. Avivada a lembrança, a memória trata de fazer conexão com o coração e com o cérebro e a emoção se instala.  E mesmo que não tenha sido uma infância de Fantástica Fábrica de Chocolate com certeza tinha a leveza que somente os pequenos têm o privilégio de ter, a leveza de quem carrega dentro de si sem se dar conta infinitas possibilidades de um futuro distante e cheio de sonhos e fantasias.  
Portanto mais do que normal, negado ou confirmado, escondido ou escancarado, concordarmos que o mês de dezembro é diferente. Ou seria mágico?


domingo, 20 de novembro de 2011

A insustentável futilidade de alguns seres



Preciso exercitar a tolerância, um traço que confesso, às vezes some do meu vocábulo e por consequência da minha cabeça. Ou talvez seja TPM,  indignação, impaciência, sei lá...Só sei que não consigo deixar de me espantar diante da cabeça pequena de alguns. E ressalto a minha por vezes também é, mas tem gente que faz questão de ser sempre assim, oco.
Para sermos tolerantes é preciso ser empático? Nem sempre, mas é preciso aceitar (ou engolir) certos valores que para você  tem a mínima ou máxima importância. Ou seja,  para alguns o que tem valor nota 10 para você tem nota zero ou vice versa. Mas e aí qual é o problema? Nenhum! Todos podemos viver sob a mesma terra e na paz, mas eu não deixarei de olhar estupefata diante da bizarrice e da valorização fútil.
Vou elucidar os fatos:
Cena 1 : conheço uma pessoa que mesmo diagnosticada com uma doença psicológica séria, que mexe com toda a sua vida e relações trazendo além de sofrimento e certos fracassos, não tomará o remédio receitado, pois “ já ouviu falar” que este medicamento que deverá usar para o resto da vida e tem grande eficácia no seu tratamento e consequentemente na sua vida, pode engordá-lo e ele detesta ficar gordo.

Cena 2: agora no Fantástico na entrevista do Giannechini, uma pessoa posta no Facebook que elegância e delicadeza da P. Poeta em ter aparecido de cabelo preso para entrevistá-lo. Por favor! Por mais que tenha sido um gesto educado e sensível dela, pelo amor de Deus, você acha que isto vale como pauta e debate da sua percepção diante da entrevista comovente? O que isto tem de importante perante a luta,o revés e a tristeza diante do fato triste e doído que permeio toda a reportagem e principalmente diante duma doença terrível como esta? 

Se você não tem o que falar, fique quieto, poupe sua  imagem e a cabeça alheia de ler ou ouvir certas frivolidades.
Desculpa a intransigência hoje, torço para superar a intolerância e aceitar as diferenças, mas hoje foi demais. 
Impossível não pensar para aonde estamos indo diante de certos pensamentos. Longe da perfeição e dos pensamentos elevados, tenho as minhas pobrezas espirituais e mesquinharias como todo mundo, mas por vezes algumas coisas te ferem.

Amanhã,um novo dia com mais uma meta, ser paciente com valores alheios! Pauta do dia: leveza. 

"quando falares procura que as tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio.(provérbio indiano)"






domingo, 13 de novembro de 2011

Casados com quem?



Se você viu o recente filme Meia noite em Paris, se já leu Paris é uma Festa e se tem curiosidade sobre o passional  E. Hemingway vai gostar, logo de cara, do livro Casados com Paris. Muito do que se fala ali passa na íntegra por estes três exemplos citados e seus personagens verdadeiros nos anos loucos da geração perdida, como definiu G. Stein.
Agora se nada disso que listei você fez, não importa, porque corre sangue nas suas veias, provavelmente já vivenciou o amor e suas montanhas russas diárias, portanto você vai se identificar, um bocadinho que seja, com Hadley, a primeira esposa desta figura complexa e excelente escritor.
Não é fácil conviver com uma figura tão complicada e ao mesmo tempo tão carismática que te alça ao topo e te joga ao chão num estalar de dedos. Estado de paixão é um sintoma e por vezes um vírus. Não sabemos onde começa a causa e onde começa o efeito.
Este é o mote deste livro comovente baseado na história de amor que desconfio, como simples leitora/observadora, o mais verdadeiro amor de Ernest.
Ele é escrito na primeira pessoa e rapidamente, pela leitura simples e digestiva, você se vê emaranhada nas trilhas daqueles anos loucos que o casal vivenciou. Sentindo empaticamente e sofrendo por pura solidariedade, você acompanha a cada virada de página, a vida pulsando de forma tão visceral num  casal que se apoiava onde terminava a força de um e começava a fraqueza do outro e vice versa. 
Envolvida na intensa batalha de Hadley quando der conta acabou o livro e você ficará olhando o nada da última página a espera de mais.
Não é preciso ser velho cheio de experiências nem o mar com sua imensidão e infinito para entendermos um bocado dos embates e prazeres das relações. Basta estarmos aí vivos.
Fica a dica!
Boa leitura.