sábado, 26 de junho de 2010

O momento é tudo.

Três vezes genial!
O início deste livro se apresentou para mim com único propósito, de mostrar os dois lados de uma mesma moeda, a visão do traidor e do traído. Quem já participou de forma ativa dos dois lados sabe que não é fácil de forma alguma para nenhum dos protagonistas. Trair não é só prazer e glórias, assim como sabemos que ser enganado dói, esgota e fracassa, o traidor de algum modo também traz suas marcas e feridas. Eu falo aqui da traição quando inevitável, não como esporte, que é mais comum e só traz uma consequência, a banalização dos sentimentos. É fácil falar de traição e da dor de ser traído, é o que mais fazemos. É oassunto que persegue o nosso imaginário rodeado de temores. A dor do vitimizado. E a dor do que causou o sofrimento e não teve como fugir do papel de carrasco, seja lá qual foi o motivo?

Experimente provar do gosto amargo de trair e saberá que nada minimizará o peso da culpa, por mais feliz que sejamos com a escolha feita. Toda escolha tem seu quinhão de rupturas e dores.

Quanto mais eu lia e mais envolvida ficava na escrita bem construída, foi descortinando outro tema que não deixa de estar relacionado diretamente com o que pensei no começo da leitura. Muito mais que dor, que vem no pacote da traição, o livro mostra a outra face sobre as escolhas que precisamos fazer. Escolhas de olhos abertos.

Neste livro ela usa e abusa das analogias de forma original, criando espaço para a liberdade de pensamento e sustenta o livro todo com uma escrita envolvente. Cada frase é uma construção.  Fui empática com a narrativa e faminta, o tempo todo, pelo próximo capítulo. E o que me cativa num bom livro é a fome que ele produz em mim.

Este livro fala dos duelos internos que se apresentam nas nossas vidas, mas ele não fica no “se isto ou aquilo tivesse acontecido...”

O momento é tudo - diz um dos personagens. O livro se desenvolve exatamente nesta virada de chave, neste clique que acontece nas nossas vidas. Momentos que estamos super conscientes de que não importa a escolha que faremos, ela alterará o curso da nossa história. Você, com certeza, já viveu isto. Eu também.

Irina é uma mulher casada e se depara com a possibilidade de beijar um amigo numa determinada situação e é neste instante que a história congela e se divide em dois mundos paralelos onde ela vai contando se tivesse beijado o cara e noutro em que ela não beija. As duas escolhas trará várias conseqüências, positivas e negativas. Ela extrapola todas as possibilidades desta vida em comum com os dois homens da sua vida. 

Aqui não é o acaso operando na vida, é a escolha que pontua as opções.

 Belíssima história. Ótimo desfecho. Vale a pena ler!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Nada explica tudo



Falácia. A sonoridade desta palavra é forte. Eu gosto.

“Nosso amor é uma constante, jamais mudará.”
Isto é uma falácia por si só e ponto! Mudamos sempre, só quem não muda é parede. Se o nosso olhar esteticamente falando “amadurece” porque o lado interno vai permanecer engessado. Sendo assim nada mais natural do que percepções serem transformadas, novos olhares, novos sentimentos surgem. Porque o desconhecido que surge com a sensação da mudança deve ser um  sentimento claustrofóbico, desagradável e de mau cheiro?
Mudar não é pejorativo, não precisa ser sempre algo ruim, tomado de maus presságios. Nada nos impede de mudar para melhor, aceitar as mudanças implica em acreditar que mudar não necessariamente é diminuir o amor que temos pelo parceiro (a). Claro que assim como nós, o amor tem suas fases. Mudança não é ameaça, é oportunidade! Não seja refém de você mesmo. Quem se faz de vítima, vira vítima e leva os outros pro calabouço na armadilha do seqüestro nunca antes anunciado literalmente.


Paradoxo. Gosto da complexidade do que vem no pacote desta palavrinha danada.

“Não sei onde errei. Minhas horas eram dele. Eu fiz de tudo pra ele enxergar somente eu, inclusive estávamos sempre juntos, em todas as horas em todos os momentos.”
Faça um teste. Tente atravessar a praia até o calçadão com um punhado de areia nas mãos. Se você apertar a areia, provavelmente chegará ao objetivo sem um grão.
Agora se fizer uma concha com a sua mão e deixá-la aberta, com o olhar atento na rua e na sua preciosa areia, a probabilidade de chegar com um punhado de areia no destino traçado é grande.
O amor é mais ou menos assim, atenção, cuidado e carinho em doses certas mais a liberdade devida são bons ingredientes pra se ter alguém do lado. Isto tem nome: relação saudável. E nisto reside o paradoxo do amor, quanto mais preso, mais vontade de liberdade, quanto mais livre, mais vontade de ficar perto de você.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

E por falar nisto



Ah o amor ...

O tão sonhado e esperado amor.

Invenção, intenção ou pura fantasia?

Produto caro, artigo de luxo.

Suspiramos pelo incensado amor.

Temos de várias formas, mas o procuramos de forma carnal e passional.

Um amor para se viver pro resto dos dias, enquanto der pra gente viver. Pode durar um mês, um ano, uma década. Aqui e agora entre nós dois não rola tempo cronológico, só o tempo meu, o teu e da nossa velocidade e intensidade.

Ah o Santo Graal das nossas vidas ...

Estamos a procura de. Quando encontramos vivemos apaixonadamente até que tudo se torna rotina, costume, hábito e então como bola de sabão desidealizamos o amor e passamos a reparar nos mínimos detalhes do objeto amado. Então vem a intolerância, a impaciência e porque não dizer a decepção. E há àqueles que vivem história dignas de romance, tão invejados estes apaixonados.

A- eme - o – erre, palavrinha tão falada por todos os cantos do mundo...

Por vezes sussurrada ao pé do ouvido, em alguns momentos em alto e bom som e por instantes entre gemidos e sensações. E porque não dizer, entre soluços e dores?

Quem inventou a tão aclamada definição com certeza nunca imaginou quanta responsabilidade tinha naquele momento explosivo de inspiração.

Foi Deus quem criou ou os homens?

Quem consegue definir com exatidão este sonho tão buscado por nós, reles mortais?

A única verdade que sabemos é que somos bichos casadoiros e como tal  viemos para  viver histórias de amor.

Um deserto é impossível de atravessar sem um camelo.

E a vida é humanamente impossível de viver sem outro alguém pelo tempo necessário que for da nossa história, mas com a intensidade do agora, do presente.

sábado, 5 de junho de 2010

Muito prazer, Sr tempo


Com vocês o ilustre senhor. A sua Excelência. O grande piadista, o grande ilusionista.


Parceiro inseparável da Sra Vida. Aquele que realmente é o nosso orientador.

O senhor feudal das nossas cotidianas vidas.

Existe uma época onde o tempo está a nossa disposição e o luxo de consumo é imaginar que a maturidade vai demorar muito a mostrar a sua face. Avançar pode ser um processo lento porque a vida ainda é uma misteriosa cartomante que por ora acerta e por vezes erra as suas previsões nem tão previsíveis. Um mundo de incógnitas temos a nossa frente e crescer está muito longe de nós.

A vida nos espera. Estamos ganhando a corrida. Temos preguiça de crescer, o corpo é vagaroso e o mundo está aos nossos pés. Esse viço, este brilho da juventude é o clímax do viver.

E há um tempo onde já não temos tanto tempo. Uma época que o tempo já não é nosso aliado embora não seja ainda nosso inimigo. Apesar da certeza de que o tal tempo urge.

Temos pressa de viver. Temos pressa de sentir, porque o amanhã está bem ali, na quebrada da esquina.

Fecho hoje já comemorando o meu aniversário amanhã.