sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quem planta coragem, colhe Victoria


Há 18 anos ganhei o melhor dos presentes.

 Pra sempre.

Vicky, continua assim, sempre evoluindo.

Não mudaria nada em ti!

Te amo, filha! Parabéns!!!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Noites de tormenta



Hoje sonhei com o término de uma relação. Tenho sonhado de tempos em tempos com isto. Alguns junguianos de plantão dirão que ando com medo, que é meu inconsciente sinalizando ou se anuncia por aí uma separação e blábláblá.
Não, queridos pseudo psicos, estamos bem. Muito bem e ponto.
Sonho por sonhar, sem neuras porque como diz o ditado sonhar não custa nada.
Sonho com separação, mas não com o ato em si, mas com a sensação.
Aquela sensação ruim na boca do estômago, pânico, vazio na alma que acompanha os primeiros dias, aquela ausência do corpo do outro não mais perto do seu corpo, a falta da voz, do cheiro, do tudo. Dos dias nublados, das reticências, dos questionamentos no ar, da ansiedade que fica, da angústia pelo reparo de danos que não acontecerá. Aquela dor no peito, aquela coisa toda doida ou doída.
Aquele dia que já amanhece desbotado, sem cor.
Aquele tempo de recomeço, empurrar fotos pro fundo da gaveta, doar os objetos comprados nas viagens idílicas. E aquela camisa que ele esqueceu, na saída apressada do apê e da sua vida? Tratamos de enfiar num lugar que jamais vamos cruzar, mas não jogamos fora. Quem sabe um dia a gente consiga olhar com indiferença aquele trapo de lembrança remendada de alguém que já passou? Usamos de todos os mecanismos de auto defesa para seguirmos adiante.
E dormir junto? Esta com certeza é uma das partes complicadas de não ter mais o outro, porque é um ritual do bem dormir enroscada, quentinha, apaziguada. Este é um quesito que precisa-se urgentemente de um manual de como ocupar o espaço vazio daquela king size vazia no escuro da sua noite. Agora me puxei na dor da ausência gritada e sentida (risos).
Já não se pode pensar em nós, em perguntas banais como quando um amigo pergunta, nesses tais dias nublados : - Você vai na festa do Bruno? E automaticamente você responde que sim, nós vamos. Para também automaticamente cair em si que só você vai na festa do amigo. Plurais são descartados, com uma fisgada de dor.
Um tempo de tristeza, de ausência, de falta, de readaptação e de desintoxicação.
Não lido bem com fim de relação. Quem lida? Conheço gente que cai em pé, tipo gato, mesmo sofrendo. Eu não. Emagreço, arrasto correntes, durmo mal, penso mal, vivo mal. Pode ser um dia ou um mês, mas é uma temporada no umbral. Abandonos em definitivo não é a minha praia, não importa de que lado for. Claro, já saí de uma relação para outra e mesmo assim por maior que tenha sido a dose de paixão do momento, senti a falta do outro. Porque quando falo em dor de separação, não falo só quando você entra com a bunda e o outro com o pé. Quando você dá o cartão vermelho e pede pra sair, também dói e muito.
Saibam que não só o que leva é o que toma. O inverso é verdadeiro. E muitas vezes paulatinamente. Sou daquelas que vou até o fundo do poço, comigo mesma. Sem melodramas que não sou chegada na latinidade da coisa. O drama fica no meu interior, eu com eu. Até que um dia consigo emergir e aí sim viro a página, enterro, rezo a missa de sétimo dia, tiro o luto e volto pra luta, com o perdão do trocadilho. E aquele ser que me fez sofrer ou aquela relação que a fatura foi alta fica totalmente no passado. É uma catarse particular. Necessária. Mas neste processo enquanto não se dá o tal impulso pra sair do poço fico mal, não posso negar. É praticamente uma dor física, crispada e traduzida na leitura dos meus olhos.
Então é isso, tenho sonhado com esta incômoda sensação do outro afastado, da relação quebrada feito bolacha cream cracker.
A única sensação boa, em sonhos ou na vida real, é a certeza de que é sempre passageira, não vivem em nós por muito tempo. Um dia acordamos e descobrimos, cheios de prazer e surpresa que ela foi embora junto com a pessoa. Alguns masoquistas estalam os dedos, assobiam por ela, mas não adianta ela pegou as malas e partiu. Não está mais lá.
E vamos embora recomeçar. Tudo de novo.
Amar tem destas coisas.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Um lado negro e outro branco

Branco pluma e  poesia
Negro força e técnica no auge da interpretação
Dois lados de uma mesma história
Música de qualidade como pano de fundo
Lago dos Cisnes
Um tour de force
Peça clássica e sonho de toda a bailarina, também clássica
Bastidores de um corpo de ballet e suas peculiaridades
A cortina de fumaça entre profissionais incansáveis
Vaidade e vontade
Ególatras e obsessivos
Uma relação neurótica entre mãe e filha
Projeções
Fragilidade da alma
Firmeza de caráter ou não
Perseguição ao perfeccionismo
Distanciamento de emoções
Técnica versos dramaticidade
Paixão ou ausência de
Duelos
Tensão
Travas
Competição interna e externa
Jogo
Medo
Sedução
Mistura todos estes temperos e temos um excelente filme
Black Swan: te prende do início ao fim.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Quase um salmo.

METADE -  Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito, a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza

Que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante

Porque metade de mim é partida, a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor

Apenas respeitadas

Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço, a outra metade é o que calo.

Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e paz que mereço

Que a tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que penso, a outra metade um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste

E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável

Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso que me lembro ter dado na infância

Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito

E que o seu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo, a outra metade é cansaço.

Que a arte me aponte uma resposta mesmo que ela mesma não saiba

E que ninguém a tente complicar, pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer

Porque metade de mim é platéia a outra metade é canção.

Que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor

e a outra metade também.