sábado, 13 de novembro de 2010

A vida parecida de todos

do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain


Tem um tempo na vida que você acha que somente a sua família é bizarra beirando a esquisitices a La família Adams. E o seu olhar é de mero espectador, olhando reuniões de família como algo distante, como se estivesse olhando uma vitrine muito decorada. Então guarda esta estranheza para si, até porque ainda não consegue contextualizar as fantásticas interpretações sobre seus parentes. Como o seu mundo ainda é particular e limitado fica com a sensação de que é tudo estranho somente contigo.

Tem uma época na vida que você embala em caixas, coisas somente tuas, e acha que  está a margem (ou a deriva?) do mundo. E entre laços e fitas encaixota os segredos e os mistérios que te compõe. Segue o silêncio dos teus segredos íntimos num mundo mais aberto, não tão particular.

Tem uma hora que você se abre para o mundo e todas as estranhezas deixam de ser estranhas, passam a ser peculiaridades de cada um, marcas registradas de cada pessoa adicionadas as suas histórias de percurso. O outro já não é somente o outro, é alguém que escreveu histórias semelhantes com matizes de cores diferentes.

E é nesse momento que você percebe que o teu mundinho não se limita ao seu jardim, bem ali do lado o vizinho tem inquietações, sensações, questionamentos e vidas similares.

Ainda se surpreende quando pensa que houve um tempo que achava que a tua história de vida era única.

E assim percebe que o teu mundo é o mundo inteiro.

14 comentários:

Sentimentalidades-Todas disse...

Interessante... essa tarde falava sobre a falta de ajustamento familiar que me acompanhou por toda infancia e adolescencia - ainda hoje?.
felizmente descobri que há lugar no mundo para todas as pessoas, por mais excentricas e inquietas que sejam. Resta descobrirmos qual mundo nos comporta. E perigar a ser feliz.

bjs, Carol!
Mônica

Vaneza S. disse...

Engraçado que eu queria voltar ao contrário... me encaixotar agora. Porque o munto tá tão distante de mim... meu mundo não é mais o mundo inteiro. Hoje eu não tô normal... dá pra perceber, né?

Ah! Antes que você me mate... roubei essa foto da postagem pra mim. Tem direitos auntorais não, né? rs

BeijoZzz

Cris Medeiros disse...

Minha falta de sintonia com minha família e total e absoluta, tanto que pouco contato tenho com eles. Nem em Natal eu vou lá... Exceto minha mãe, que temos ainda um contato grande.

Mas nunca achei que meu dramas fossem só meus. Acho que a vida de todo mundo tem problemas que podem ser muito mais sérios que os seus, e tb muito mais tolos, mas são os problemas de cada um e os nossos problemas sempre são enormes... rs

Beijocas

Franck disse...

Esse é um dos meus filmes preferidos, uma fábula maravilhosa, com sua fotografia intensa...
Bjs*

Unknown disse...

Oi Carol, passando para dar um oi pois ando sem tempo... e para dizer que encomendei o livro da Lionel Shriver que vc me indicou, vamos falar sobre Kevin e o Post Birthady Worls j[a comprei tb, mas em Inglês pois infelizmente aqui não tem em Português né, vou ler assim qeu terminar o que esotu loendo no momento que é o Comprometida da Elizabeth Gilbert, beijão

Dalva Nascimento disse...

Oi, Carol.

Essa fase de encaixotar os sentimentos é necessária, mas que bom que passa!

Bjs.

Denise Egito disse...

Curioso este post me deu uma sensação de estar em casa, como se o que vc escreveu fosse o que eu teria escrito (claro que não com as mesmas palavras). Parece aquela coisa que, no fringir dos ovos, tá todo mundo no mesmo barco. Os mesmos anseios, as mesmas famílias, as mesmas esquisitices, os mesmos dramas, os mesmos medos...
Um beijo com carinho

Valdeir Almeida disse...

Por isso, é "comum" encontrarmos pessoas e dizermos: "O quê? Não diga! Você também!?! Daí surge a identificação.

Abraços e ótima semana.

Sac do Amor disse...

Adorei a indicacao de livro, muito bom gosto!

Uma otima semana linda!

abs.

Ana disse...

É verdade, essa última frase ficou linda e é super certa o "teu mundo é o mundo inteiro" e está aberto a todas as possibilidades.
E isso não é incrível? A gente só cresce quando aprende e quando vê o que os outros fazem. Tão bacana isso aqui!
beijos,

Lufe disse...

A gente cai na real quando percebe que as loucuras de nossas familias são alimentadas pelas loucuras de outras que se contatam e formam uma cadeia muito louca que se extende pelo mundo inteiro.

Não somos os unicos loucos que convivem com a loucura alheia.

bjos

Renato Oliveira disse...

Olá Carol, como vai?

Ah primeiramente, super obrigado! uma das coisas mais idílicas em fazer aniversário é poder ler frases e palavras assim, que fazem sentido para nós. É sempre significativo tê-la por perto junto ao trabalho do blog, obrigado novamente.

Olha, que registro mais tudo! nestes tempos, tenho pensado sobre coisas muito próximas ao que vc escreveu, e vejo que os "dois mundos" são importantes: tanto aquele que parece que te aliena, quanto ao que, para a maior parte das pessoas, é mais vivo, mais real. Precisamos articulá-los, o meu ponto de vista e assim, nos encontrarmos nesta intersecção (que palavra tudo! rs)

Super abraços

Vanessa Souza disse...

Incrível como tanta gente se identifica com esse filme.

UN VOYAGEUR SANS PLACE disse...

Pois é, eu sempre quis ver esse filme, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

Também eu sou fechado em minha bolha, porque às vezes parece impossível absorver o mundo dos outros.


Sei que eles têm suas histórias também ricas e interessantes, é fato. Pena que o ser humano seja um bicho tão complicado. Tanto eu como eles temos as nossas complicações.

Enquanto não vira guerra, está ótimo. Pelo menos assim dá para tentar observar o desenrolar dos acontecimentos com uma certa lucidez.

Abraços cordiais. Au revoir, mon amie!