domingo, 12 de junho de 2011

Ficar sozinho, é opção? - Parte I


Na contramão do dia oficial do amor, do tão incensado amor, quero falar sobre a outra ponta do iceberg. Vou falar sobre opção de ficar sozinho ou não.

Fala-se muito sobre a independência que conquistamos e seus bônus e ônus para as mulheres e os homens e respectivos resultados. Como nos acostumamos mais conosco e nos tornarmos mais seletivos, criamos assim inconscientemente uma lista de coisas das quais não abrimos concessões. E aí talvez se encontra, um dos causadores da nossa ineficiência em manter uma relação, da nossa intolerância imediata. Do lado indigesto e difícil de engolir sem causar uma certa azia.

Vou mais além, somos casadoiros por natureza, acasalar, seja de que forma for, é básico como respirar, mas não questão de vida ou morte. Claro que daí pro desespero há uma grande distância, ou não. Vai de cada um. Mesmo assim hoje além de currículo para vida profissional, a maioria cria um CV fictício e se torna o RH da sua empresa pessoal. E cá entre nós, andamos super craques em entrevistas e seleções para os candidatos a fazer parte da nossa equipe de dois. Nos tornamos PHD no negócio!

Fala-se por aí que antes concedíamos o tempo todo pra não ficarmos solteiras (os), a velha máxima “acima do bem e do mal” vigorava. E digo mais, não é tão velho, conheço mulheres que ainda se sentem mais confortáveis com o fato de serem  divorciadas do que solteiras, porque para elas este é um rótulo mais consolador. Quem quer consolo nesta vida, galera! Se sentem mais pesadas como solteiras no CV do que Jesus carregando a cruz na via sacra. Credo! Em contrapartida, conheço homens que após se separar logo casam de novo e dizem tranquilamente que não sabem viver sozinhos, entre goles de cerveja e risadas satisfeitas, como se tivessem acabado de trocar de pneus. Vai daí que muitos homens se separam e se não casam de novo, em seguida voltam pra casa das mamães, por um tempo que seja. Enquanto que muitas mulheres, após a separação aceitam cuecas em sua casa somente por dias contados. Isto daria outro post sobre comodismo feminino e masculino e não desejo ser sexista agora. Mais tarde, talvez.

Voltando para os tais rótulos: isto não era ontem, ainda ocorre sim, por mais que me espante. Vejo pessoas se submetendo a certas coisas (algumas baixas diga-se de passagem) pra não ter que encarar a vida sozinha, como se ao romper, além do machucado e da dor, o que incomodasse e machucasse mesmo fosse o carimbo que a sua vida recebe na separação, como se quando estamos com alguém ainda não fossemos sozinhas, de certa maneira. E mais, se ficar sozinha traduzisse, para tais pessoas : estou no deserto do Saara sem nenhum camelo! Solidão para a maioria é sinônimo de baixo astral, de cachorro abandonado na estrada,de esquecido no mundo. Entenda-se que estar com alguém não te impede de estar sozinho na sensação, até em alguns casos fisicamente. Em alguns momentos, mesmo numa casa cheia não é um fardo pesado. É salutar para todos, a intimidade e a privacidade agradece. Concordo quando a Lya Luft fala que a solidão é um vasto campo que não deve se atravessar sozinho. Sim, ter pessoas ao seu lado nesta imensidão alivia os quilômetros, mas nada vai impedir esta estrada. Em alguns momentos você vai atravessá-la. Com alguém é mais mamão com açúcar,concordo. Claro este é o lado bom da solidão, mas quando tudo está ruim e estamos no sentindo pra lá de cachorro abandonado na chuva é pesado, mas o peso vai sufocar de imediato, vai doer com certeza, mas você tem que decidir quantos quilos quer dar a este peso.O tempo que você vai chafurdar na lama é com você!

Claro que uma vez que tomamos posse da nossa vida e descobrimos que somos inteiros, não existe o tal do chinelo velho ou metade da laranja, àquela velha história que nos alimentaram é engodo. A vida se torna mais prazerosa e descobrimos pequenos deleites na possibilidade de achar alegria em fazer muitas coisas sozinhas, mas para estar ciente disso é preciso algumas catarses como: amadurecimento, autoconhecimento, independência e amor por nós. E um item valioso: amigos! Amigos também é amor. E temos vários tipos de amigos...rs

É aí que entra a descoberta de nós e de nosso poder interno e é nesta hora que a ação e a reação começam a conspirar a nosso favor. A vida então começa a sorrir e sem desespero, sem placa de neon em nossa testa gritando os nossos desejos íntimos em corpos que falam, sem atitudes carentes e desesperadoras. As pessoas começam realmente a fazer parte da nossa vida. É um paradoxo? Talvez, mas as nossas histórias são pontuadas desta palavrinha. Já percebeu?

Paralelo ao ficar sozinho fala-se muito em encontrar alguém. Em manter uma relação legal, sem toques pesados, porque a vida já anda muito heavy. Não estamos falando aqui sobre a vontade de ter um namoro de novela Malhação e sim de uma parceria bacana, do agora, do ficar quando se quer,sem laços nem nós, apenas vontade. Do estar com ele (a) porque ele(a) me faz bem e ponto.Sem mais delongas.

Aí então podemos realmente comemorar com alguém este dia queridinho que o mundo instituiu e que os casais batem palmas de felicidades.

( Estamos apresentando.Continua nos próximos capítulos.)

10 comentários:

Nine disse...

Carol, adorei tua visitinha lá no blog!!!

"Do estar com ele (a) porque ele(a) me faz bem e ponto.Sem mais delongas." - Isso é o que importa. Primeiro curam-se as feridas, leve o tempo que levar, depois sem procurar, encontra-se alguém que queira estar com a gente pelo estar bem, pelo gostar, pelo aconchegar.
Rótulos, exigências, estar por estar, porque é feio ser só, estar só... é out, totalmente out!!!

Esperando os próximos capítulos!!!
Mil beijos

Meire Oliveira disse...

Carol, adorei o texto. A verdade é que tem muitas pessoas que namoram apenas porque não suportam a ideia de estar sozinha (o), não sabe ser sozinho. Diz que ama o outro, mas na verdade o que faz ama o fato de não estar só! Isso é um perigo! E por outro lado tem muita gente seletiva por aí (e não me excluo disso), mas temos que saber arriscar em busca de alguém que possa estar ao nosso lado, alguém com quem contar, alguém para amar!

bjokitas pra vc e uma linda semana ;)

Cris Medeiros disse...

Muito bom seu texto! Adorei!

Eu sou uma sozinha, que em algumas fase me sinto solitária e em outras não. Aprendi muito com a vida e com ter que estar sozinha a tirar proveito disso, a fazer coisas que se pode fazer só sem nenhum problema.

Lógico que tem épocas ou apenas dias, que a coisa fica pesada, mas no geral, posso dizer que convivo bem com a falta de gente ao meu redor, não faço disso um drama. E sem dúvida nenhuma prefiro estar sozinha a arrastar um relacionamento falido, a solidão ao lado de alguém que nada mais tem a ver contigo, ou que nunca teve, é pior do que estar completamente sem ninguém contigo.

Beijocas

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Carolina,
Parece que a chave é essa. Estar junto porque é bom, porque é prazeroso, e não por outro motivo, ou necessidade.
Beijo.

M. disse...

Esse é o problema da maioria das pessoas. tanto mulheres quanto homens: colocar a felicidade na mão do outro. Depender de outra pessoa para ser feliz.

Acho que quando a gente está bem com a gente mesmo e não espera encontrar aquela pessoa certa em cada pessoa que a gente encontra, ela chega mais rápido.

A espera faz 5 minutos virar horas.

Babi Mello disse...

Bom Carol, sempre gosto de ler os seus textos e refletir sobre o assunto e tdo que você falou é bem verdade, estou apredendo que para sermos feliz não precisamos de um outro e sim estarmos bem conosco mesmo, e só assim atrairemos coisas boas e positivas, isso é um fato.
Bjos!!!

Emilia Vaz disse...

Já escrevi muito sobre esse assunto no blog,nao tenho o que acrescentar até pq vc disse tudo.Os dois lados da moeda são ruins,estar so,e acompanhado.E tbm pode ser bom... contraditório?Sim,mas a pura verdade!
Depende de como se vive a solidão,ou o se divide a junção.
Texto bacana,minha guria.
Bom fds,bj e um pão de queijo com chocolate quente!Ou um vinho...rsrs

Vaneza S. disse...

Acho que você disse tudo. Principalmente quando disse que muitas vezes estamos acompanhadas, mas nos sentindo sozinha ainda assim.

Acho que essa é a pior solidão... porque a solidão mesmo, a verdadeira... é maravilhosa. Eu adoro os meus momentos comigo mesma.

BeijoZzz

chica disse...

Carolina, adorei esse capítulo e vamos acompanhar od demais.Muito legal e com verdades! beijos,chica

Eloah disse...

Adorei o texto.Ficar com alguém por que nos faz bem, mesmo sem compromisso formal, realmente é o que importa.Esta minha constatação é fruto de um processo longo de amadurecimento.Nem muito fácil, nem tanto dificil.O que os outros pensam sobre ser só, não é relevante.O que importa é ser feliz. Estar só tb. pode ser uma forma de ser feliz.Um forte abraço
Ficarei atenta aos próximos capítulos