
As boazinhas vão pro céu. As outras vão pro inferno bailar com o diabo, de preferência um tango bem caliente.
Tem pessoas que são a encarnação do capeta mesmo.
São literalmente uma droga. Você vive aquela paixão, enlouquece por alguns meses e faz tudo o que pensou e não verbalizou até então na sua açucarada vidinha.
Neste período de experimento com a nova droga em forma de diavolo, vive na corda bamba entre prazer e euforia. Anestesiada.
É aquela comichão. Só para quando alguém coça. Ele, só ele vai acabar com esta urticária.
Torpedos extrapolam a sua conta. A operadora até já lhe ofereceu um plano especial afinal você é cliente gold neste quesito sms. Ligações, que antes eram objetivas, se transformam em longas metragens.
Pira de vez. Pira de forma sadia, sem neuras só loucuras a dois.
Na maratona da perdição chega a perder 3 a 4 quilos. Não come mais... comida.
Joga tudo pro alto, trabalha pensando na noite que vai ter, visita a família pensando que vai pegar o carro e enlouquecer com ele daqui a meia hora.
Vai pra reunião de trabalho e só pensa no último final de semana que viajaram para Búzios, naquele resort paradisíaco. Voltou branca, mas com um brilho na pele...
Sai com os amigos, dá risada, mas o pézinho está ali batendo, impaciente, embaixo da mesa do bar. Não vê a hora de encontrar com ele, o diabo em pessoa, que incendiou o teu corpo e te tirou a sanidade mental, o eixo, o equilíbrio e pior, te mostrou sem sessão branca nem nada que és a encarnação mais pura da Ana Bolena misturada com a Gilda versão high tech, ultra pós moderna.
E a droga vai tomando conta do teu corpo, da tua alma.
E todos os dias pós drogadição você pensa: deu, não faço mais. Vou abandonar. Foi a última vez. Preciso da minha vida de antes. Blábláblá
Chega até mentir pra si mesma que cansou da história, de linhas tortas, que é a paixão de vocês. E o vício já te pegou de jeito e você se convence de que é só mais esta vez.
Sou forte. Largo quando eu quero.
E o tempo vai passando e o que era fora da rotina já virou a própria rotina.
Então um dia você cansa da fantasia, procura o dia a dia e percebe que não rola, vocês não combinam nem no estilo de filme que passa na sessão da tarde muito menos com as músicas que cada um curte.
A Ana Bolena e o Jude Law, versão tupiniquim, se separam.
Tiram férias da loucura.
E começa a reabilitação.
Expurgar veneno, soltar os demônios.
Vem o período de abstinência, entende-se por isto a tríplice aliança DVD – vinho – chocolate. Encastelada nas paredes seguras da sua casa.
Passado algum tempo, retornamos ao caminho de sempre. Afinal somos sobreviventes. Sempre a margem de algo que irá acontecer.
E começa tudo de novo.
Novos olhares. Esperanças. Injeção de ânimo
Fé na vida e na OMS, sempre criando novas drogas. Benza Deus !
Mas, caso dê uma topada com a droga antiga, pode tomar algumas doses se não causar tonturas e enjôos. Afinal recordar é viver.
E que venha os diabos!